Título: Neogovernistas do PMDB cobram mais espaço
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 11/03/2007, O País, p. 10

Grupo de Temer quer tantos cargos quanto aliados de Renan

BRASÍLIA. O PMDB, maior partido no Congresso, também reivindica mais espaço, nessa segunda etapa decorrente da reforma ministerial. Para apoiar o governo, o grupo liderado pelo presidente do partido, Michel Temer (SP), quer o quinhão semelhante ao que detém a ala do PMDB que já apóia Lula desde o primeiro mandato.

Para se ter uma idéia do que querem os neogovernistas do PMDB, basta verificar a lista dos cargos ocupados pelo grupo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL): as presidências da Eletrobrás e da Eletronorte, três vice-presidências da Caixa Econômica Federal, a presidência e seis diretorias dos Correios, a direção do Fundo Nacional da Saúde, uma vice-presidência e duas diretorias do Banco do Brasil, a presidência e diretorias da Transpetro, duas diretorias do Banco da Amazônia, duas diretorias do Banco do Nordeste, uma diretoria de Furnas e uma diretoria da Petrobras.

- A bancada da Câmara quer tratamento igual ao do Senado. Vamos encaminhar vários pleitos em nome da bancada. Vamos apoiar a indicação que o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, fará para a presidência de Furnas, a que os mineiros farão para uma diretoria da Petrobras e a que Goiás fará para uma diretoria da Caixa Federal. Hoje, a participação do PMDB no governo é inexpressiva - diz o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Furnas é disputada pelo PMDB e por outros aliados

Furnas é disputada pelas duas alas do PMDB e por quem mais considerar que tem cacife para isso. A estatal é aquela que, no auge do escândalo do mensalão, foi citada por Roberto Jefferson como o lugar onde o seu partido, o PTB, conseguia milhões reais para campanhas eleitorais. A companhia nega.

Para satisfazer os aliados, o presidente Lula sabe que terá de reduzir o espaço do PT no governo, e não parece estar resistindo a essa troca. Caso isso ocorra, os mais afetados serão os militantes moderados do Campo Majoritário, que detém a maioria dos cargos destinados ao partido. Esse grupo, que perdeu força com o escândalo do mensalão, promete resistir.

PT indica nomes para cargos ocupados por aliados

A ação para pôr a ex-prefeita Marta Suplicy no Ministério das Cidades, às custas do PP, sinaliza o tamanho do conflito na base governista. O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), está recebendo listas de indicações de todos os estados. São sugeridos nomes para todos os cargos e vários diretórios regionais indicam petistas, inclusive para as funções que hoje já estão ocupadas por aliados. (Ilimar Franco)