Título: PMDB exige mais um ministério
Autor: Vasconcelos, Adriana e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 12/03/2007, O País, p. 3

Ala da Câmara sai fortalecida de convenção e vai pedir a Lula pasta da Agricultura ou Turismo.

Reeleito presidente do PMDB com 598 dos 602 votos dos convencionais, o deputado Michel Temer (SP) saiu fortalecido da disputa com o grupo dos senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL) e renovou seu discurso. Na convenção nacional realizada ontem, defendeu uma candidatura do partido na sucessão presidencial de 2010, com apoio do PT, e gerou entre os aliados a expectativa de garantir mais um ministério para o partido, além do da Integração Nacional, o que poderá deixar quatro pastas com os peemedebistas. Temer deve se reunir hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir o futuro do partido no governo.

Numa convenção tranqüila, sem os costumeiros tumultos, o PMDB garantiu a unidade em torno da candidatura única, fracassando assim a operação de esvaziar a convenção, idealizada por Renan e Sarney logo depois que o ex-ministro Nelson Jobim retirou sua candidatura, segunda-feira passada.

- Nosso desejo é que tenhamos candidato a presidente da República apoiado por todos os partidos da coalizão. Tenho ouvido gente de outros partidos fazendo a mesma afirmação. O PMDB, como o maior partido da coalizão, é o primeiro que vai postular essa candidatura - disse Temer.

Ele vai cobrar de Lula mais um ministério. Os senadores do PMDB indicaram os ministros das Comunicações e de Minas e Energia, além de cargos em estatais.

A pasta da Saúde, que deverá ser ocupada por José Gomes Temporão, não entra nessa contabilidade, já que o sanitarista é uma escolha técnica de Lula. O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) está certo para a Integração Nacional, mas a bancada quer mais um ministério.

- Ouvi do presidente que ele promoveria o equilíbrio entre a Câmara e o Senado. Equilíbrio é dois e dois - dizia ontem o líder da bancada na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Agricultura e Turismo na mira

A segunda pasta para o PMDB da Câmara, segundo os peemedebistas, pode ser a da Agricultura - para a qual pode ser indicado Waldemir Mocca (MS) - ou do Turismo - disputada por vários candidatos, entre eles Eunício Oliveira (CE), Eliseu Padilha (RS) e Tadeu Filipelli (DF).

- Temos de dar ao presidente a autonomia para escolher seus ministros - destoou o governador do Rio, Sérgio Cabral.

Os deputados querem uma equiparação no segundo escalão. Os senadores indicaram os presidentes da Transpetro e da Eletronorte.

Dos sete governadores do partido, quatro participaram ontem da convenção: Sérgio Cabral (RJ), Paulo Hartung (ES), Marcelo Miranda (TO) e André Puccinelli (MS). Eduardo Braga, do Amazonas, não foi por motivos de saúde. Luiz Henrique, de Santa Catarina, faltou por estar no exterior. Roberto Requião, do Paraná, enviou o vice e o irmão como representantes.

Em solidariedade a Jobim, pelo menos quatro estrelas do PMDB não foram: Renan, Sarney, o deputado Jader Barbalho (PA) e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR).

Mais cautelosos que Temer, os governadores ponderam que é cedo para discutir a sucessão presidencial. Cabral considera um equívoco antecipar o debate. Segundo ele, este é o momento de o PMDB participar da formulação das políticas públicas para o país. Mas reconhece que uma chapa do PMDB com apoio do PT seria uma composição ideal. Já Hartung destacou que para viabilizar uma candidatura própria o partido precisa, primeiro, se unir.

A eleição teve apenas dois votos nulos e dois em branco. Apenas três estados atenderam ao chamado de boicote da ala governista do partido: Alagoas, Pará e Maranhão.