Título: Executiva do PT tenta hoje decidir participação de Marta no Ministério
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 12/03/2007, O País, p. 4

Movimento PT promete contestar ex-prefeita como nome de consenso.

BRASÍLIA. Em meio à indefinição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a reforma ministerial, a executiva nacional do PT faz mais uma reunião hoje para fechar acordo sobre a participação no Ministério. A última oferta de Lula ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, quinta-feira, foi o Ministério do Turismo, com a Infraero incorporada à pasta, que ficaria com Marta Suplicy. Ainda que a oferta seja aceita, outro grupo do PT promete contestar esta indicação.

Em reunião no fim de semana em Brasília, uma das tendências petistas, o Movimento PT, contestou a informação de que a ex-prefeita é nome de consenso na bancada, afirmando que se trata de imposição do Campo Majoritário. Hoje, na executiva, o Movimento PT formalizará a reivindicação de ser contemplado com cargo no Ministério.

Democracia Socialista é outro grupo insatisfeito

Também não está satisfeito com o desfecho da reforma ministerial o grupo que apóia a indicação do deputado Walter Pinheiro (PT-BA) - da tendência Democracia Socialista (DS) - para o Ministério do Desenvolvimento Agrário. A reivindicação não teve eco, pelo menos até agora, no Palácio do Planalto.

Ao participar da reunião do Movimento PT, tendência com que se alinha, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, foi diplomático e evitou polêmica:

- A responsabilidade de compor o governo é do presidente. Sobre Marta Suplicy, é nome qualificado. Se vier a ser escolhida, será boa escolha.

Berzoini, que participou da reunião do Campo Majoritário, sinalizou que o partido deve aceitar o Ministério do Turismo. Quando perguntado se não estaria contente com a pasta do Turismo para Marta, brincou:

- Eu adoro turismo.

O presidente Lula deve anunciar as mudanças no Ministério - que ele chamou de ajustes no fim de semana - até a próxima quinta-feira, quando se reunirá com o conselho político da coalizão, que reúne dirigentes e líderes dos partidos aliados.

Além da indefinição sobre Marta, Lula precisa decidir se dará ou não o quarto ministério ao PMDB, mais para atender o grupo de Michel Temer, reeleito presidente do partido com grande votação. Outra dúvida é se o PDT leva mesmo o Ministério da Previdência, alternativa que pode ter reação no mercado e no empresariado por causa da disposição do partido de não fazer mais nenhuma reforma no sistema previdenciário.

Dificuldade em substituir Furlan

Ainda que anuncie mudanças esta semana, Lula não deve concluir toda a reforma, já que a saída de Luiz Fernando Furlan do Ministério do Desenvolvimento, dada como certa por razões familiares, pode ser adiada. Lula tem tido dificuldade em achar um nome com perfil semelhante ao de Furlan para a pasta.

Hoje, toma posse o primeiro novo ministro: José Antônio Dias Toffoli, na Advocacia Geral da União (AGU), que tem status de ministério, no lugar de Álvaro Ribeiro da Costa. Toffoli foi subsecretário de Assuntos Jurídicos da Casa Civil na gestão de José Dirceu.