Título: Agentes dos EUA fazem operação na selva
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Fonte: O Globo, 12/03/2007, O Mundo, p. 20

Embaixada em Bogotá confirma a presença recente de militares no sul da Colômbia.

BOGOTÁ. Remolino del Caguán - um povoado de Cartagena del Chairá que foi bastião das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) por 30 anos, até o início do plano de combate aos grupos armados - foi agitado no dia 28 de janeiro pela presença de militares americanos, que abriram caminho até uma pousada habitada por agricultores. Eles buscavam informações sobre os americanos Marc Gonsalves, Tom Howes e Keith Stansell, seqüestrados pelas Farc em Caquetá em fevereiro de 2003.

Por volta do meio-dia, o ruído do helicóptero em que os militares americanos chegaram rompeu o silêncio que fazia nas três ruas do pequeno povoado desde que, meia hora antes, um empregado de uma padaria caíra ferido pelas balas de dois guerrilheiros. Os criminosos haviam acabado de fugir.

Em meio aos agricultores que, por ser domingo, dia de feira, lotavam o habitualmente vazio Remolino, estavam vários militares, entre eles os americanos, que atravessaram o povoado até a pousada.

- Forçaram a porta e quebraram vários vidros - contou um morador.

Detidos foram interrogados em base militar

Os camponeses que estavam dentro e fora da casa receberam ordens para ficarem quietos. Minutos depois, passaram a administradora da pousada e um vizinho, detidos, diante dos americanos.

- O agricultor ia com as mãos algemadas - contou uma testemunha.

Desesperado, um dos líderes locais correu até o terreno baldio onde o helicóptero estava a ponto de decolar. Queria que levassem o homem ferido pelos guerrilheiros até um hospital. Nada pôde fazer. O helicóptero decolou com os detidos e os "gringos", como os moradores começaram a chamá-los porque "falavam em outro idioma quando conversavam entre si".

A administradora da pousada e o agricultor voltaram a Remolino de lancha, pelo Rio Caguán, três dias depois. Haviam permanecido na base militar de Larandia, onde, segundo contaram, foram interrogados sobre o paradeiro dos seqüestrados. As desculpas pelos danos à porta e os vidros quebrados chegaram à pousada um dia depois, com uma comissão militar vinda de Bogotá, que se comprometeu a fazer os reparos.

A Embaixada dos Estados Unidos confirmou a "El Tiempo" que militares americanos estiveram presentes "numa operação no sul da Colômbia".

Segundo acordos, a cooperação dos EUA com a Colômbia é de treinamento e assessoria técnica. No entanto, seus militares poderiam agir se fossem atacados ou numa operação de resgate de suas tropas ou de seus cidadãos, como no caso dos três seqüestrados pelas Farc.

Fontes consultadas contaram que os americanos eram especialistas em seqüestro. Um general confirmou que agentes americanos costumam acompanhar militares colombianos em operações e que vão armados devido ao risco. As informações foram reveladas dias depois de circularem rumores de que os Estados Unidos estariam a ponto de ordenar uma arriscada tentativa de resgate de seus cidadãos.

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