Título: A conta-gotas
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 13/03/2007, O Globo, p. 2

O presidente Lula não fará de uma vez só o anúncio da reforma ministerial para o segundo mandato. Os entendimentos políticos não foram concluídos e ele ainda não encontrou os nomes ideais para todas as pastas disponíveis. O único anúncio confirmado para esta semana é o do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que irá substituir Márcio Thomaz Bastos na Justiça.

Os integrantes da executiva do PT foram econômicos nas informações sobre o encontro de ontem com o presidente Lula. Na conversa, ele informou aos petistas que eles não devem esperar por uma grande reforma e que ela será feita para resolver problemas pontuais. O presidente Lula praticamente confirmou que a ex-prefeita Marta Suplicy integrará sua equipe.

Os petistas mudaram o discurso e afirmam que a pasta do Turismo é muito importante e que nenhum petista recusaria a tarefa. O ingresso de Marta no governo não implica abdicar da disputa pela prefeitura de São Paulo em 2008. O próprio Lula se refere a ela como "a nossa candidata". Seu destino ainda é incerto. Ontem surgiram rumores de que o Planejamento poderia ficar vago, com a ida do ministro Paulo Bernardo para o Banco do Brasil.

A reforma não está fechada. O presidente ainda vai se reunir com os presidentes do PDT, Carlos Lupi, e do PMDB, Michel Temer (SP). A definição do espaço desses partidos no governo envolve consultas, na medida em que qualquer solução precisará do aval das bancadas desses partidos. Para que o PMDB desistisse da Saúde, abrindo espaço para a nomeação do médico José Gomes Temporão, mesmo tendo sido apadrinhado pelo governador Sérgio Cabral (RJ), foram 30 dias de queda-de-braço.

Lula deve voltar a se reunir com o PSB e o PCdoB. Os socialistas querem uma segunda pasta e os comunistas assumirem a Secretaria da Juventude, de preferência com status de ministério. O presidente Lula disse aos petistas que não tem pressa em definir as mudanças que fará em seu governo. Sua principal preocupação é não cometer erros que possam comprometer a gestão. O presidente também não quer correr o risco de comprometer, com escolhas precipitadas, como já ocorreu no passado com o PMDB, a ampla base parlamentar com a qual iniciou o segundo mandato.