Título: Procura-se assessor dos R$80 mil
Autor: Braga, Isabel e Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 14/03/2007, O País, p. 3

Polícia desmonta a versão de auxiliar de deputado do PR.

BRASÍLIA. A Polícia Civil do Distrito Federal está à procura do assessor parlamentar Emílio de Paula Castilho, sobrinho e funcionário do deputado Aracely de Paula (PR-MG). Castilho foi detido no último sábado com R$80 mil em dinheiro, no porta-malas do carro em que viajava de Belo Horizonte para Brasília. Desde segunda-feira, Castilho não aparece em seu endereço, um apartamento funcional que pertence à Câmara, na Asa Sul de Brasília. Vizinhos do assessor disseram ao GLOBO que ele divide o imóvel com o tio e chefe, que decidiu exonerá-lo.

Como o assessor parlamentar não foi encontrado, o delegado Anderson Espíndola, responsável pelo inquérito aberto para apurar a origem do dinheiro, adiou para sexta-feira o depoimento de Castilho. O delegado pediu auxílio da Câmara para localizá-lo.

Para reaver o dinheiro, Castilho terá que explicar sua origem. Mas como o assessor não procurou a Delegacia de Repressão a Roubos (DRR), desde que foi detido, os investigadores acreditam que ele não seja o dono dos recursos. A suspeita é a de que Castilho apenas cumpria ordens, ao transportar o dinheiro.

- Se os recursos fossem meus, eu teria interesse em reavê-los. Não percebemos essa vontade da parte dele - disse Espíndola.

Polícia vê contradição no depoimento de Castilho

Aos poucos, a polícia vai desmontando a versão dada pelo assessor no dia em que foi detido. Castilho contou que o dinheiro havia sido obtido com a venda de três carros seus na capital mineira, mas não apresentou documentos dos veículos nem soube dizer suas placas. Ele contou ainda que alugou um carro, sexta-feira passada, para ir até Belo Horizonte. Localizado pela polícia, o gerente da locadora, no entanto, disse ter vendido o carro a Castilho, e não alugado. Ele terá de prestar depoimento segunda-feira.

- Tudo leva a crer que ele (Castilho) saiu de Brasília com a missão de buscar o dinheiro para alguém. Quem, ainda não sabemos, mas a origem do dinheiro pode nos ajudar a descobrir - afirmou o delegado.

Pelo terceiro dia consecutivo, o deputado Aracely de Paula e o assessor parlamentar não foram encontrados para comentar o caso.