Título: Oposição evita votação de projeto de segurança
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 14/03/2007, O País, p. 8

Obstrução ocorreu em reação a manobra do governo, que suspendeu a instalação da CPI do Apagão Aéreo.

BRASÍLIA. Os partidos de oposição ao governo Lula obstruíram ontem as votações na Câmara, como reação à manobra governista de suspender a instalação da CPI do Apagão Aéreo, e com isso impediram a votação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), do projeto que institui o regime disciplinar diferenciado Máximo (RDDMax) nas penitenciárias.

A proposta divide opiniões no Congresso, mas estava pronta para votação, que foi impossibilitada pela obstrução. Na tentativa de impedir que a guerra entre oposição e governo sobre a CPI continue paralisando os trabalhos, o presidente da CCJ, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), convocou para hoje de manhã sessão extraordinária para discutir o requerimento sobre a CPI do Apagão.

À noite, deputados da oposição foram ao Supremo Tribunal Federal (STF) conversar com o relator do recurso apresentado por eles, ministro Celso de Mello, na esperança de decisão favorável à instalação da CPI. A decisão pode sair a qualquer momento. De manhã, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), se reunira com os líderes partidários tentando acordo, mas a oposição não cedeu. Obstruiu também o plenário, onde a pauta de projetos relativos a direitos e garantias da mulher aguardava apreciação. Os governistas, maioria, conseguiram garantir quórum mínimo, mas só aprovaram dois requerimentos.

- Vamos obstruir até jogo de casados com solteiros. Um governo que dá ordem para a sua maioria esmagar o direito constitucional da minoria (de instalar uma CPI) não merece trégua - afirmou o líder do PFL, Onyx Lorenzoni (RS).

Chinaglia, de manhã, retrucou, ainda confiante de que poderia haver votações:

- As obstruções atrasam as votações, mas não as impedem. Então, vamos tentar votar.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) lamentou o fato de não serem votados projetos de interesse das mulheres e provocou nova reação de Lorenzoni:

- Vamos obstruir na defesa do Brasil e da Constituição.

COLABOROU Cristiane Jungblut