Título: Ih! O PT cresceu
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 15/03/2007, O Globo, p. 2

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticamente concluiu a reforma ministerial ontem. A grande novidade é o aumento da participação do PT no governo. O partido saiu da reforma com dois ministérios a mais: Justiça e Turismo. O partido conseguiu uma grande vitória política, na última hora: impediu que um aliado fosse nomeado para o Ministério das Relações Institucionais.

Mesmo assim, não se pode dizer que não houve uma ampliação do espaço dos partidos aliados no governo. O PMDB terá cinco pastas, o PDT voltou para a Esplanada dos Ministérios, e todos os partidos aliados terão pelo menos um ministro. O PT cresceu à custa da redução do espaço dos nomes da sociedade: os ministros Luiz Fernando Furlan e Márcio Thomaz Bastos. A saída deles abriu espaço para a nomeação de Tarso Genro na Justiça e Marta Suplicy no Turismo.

O ministro Walfrido Mares Guia, que até ontem era o ministro das Relações Institucionais, foi convidado pelo presidente Lula para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Fez esta opção diante das recusas dos empresários Abílio Diniz e Maurício Botelho a assumirem a pasta. Pesou também a pressão petista, que não aceita abrir mão de comandar a distribuição dos cargos e a liberação das emendas parlamentares.

O ex-governador Jorge Viana e o vice-líder do governo Henrique Fontana (PT-RS) estavam cotados ontem para assumir a coordenação política. Mas tudo indica que prevaleceu o nome de Jorge Viana, recebido ontem à noite pelo presidente Lula. A presença do PT no governo fica completa com o retorno de José Fritsh, da tendência Articulação de Esquerda, para a Secretaria da Pesca, e a nomeação de Joaquim Soriano, da tendência Democracia Socialista e integrante da executiva do partido, para o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Só o PSB não tinha ontem informações concretas sobre a criação da Secretaria de Portos e de Aeroportos.

A composição do Ministério mostra que o presidente Lula começa o seu segundo governo com mais força política e apoio parlamentar do que tinha em 2003. Os partidos de oposição, e analistas políticos, que previam que, num segundo mandato do presidente Lula, o país ficaria ingovernável, estão refazendo suas previsões. O líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio (RJ), constata que o presidente saiu mais forte das eleições e está longe de ser o "pato manco" cantado em prosa e verso pela oposição na campanha eleitoral.