Título: Cavalieri diz que é retaliação do denunciante
Autor: Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 15/03/2007, O País, p. 3

O desembargador Sérgio Cavalieri, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio, acusou o tributarista Ricardo Aziz Cretton, responsável pela principal denúncia contra a licitude do concurso para ingresso na magistratura, de retaliação. Segundo ele, Cretton tentou convencê-lo a pressionar, na condição de presidente do TJ, um juiz da Barra da Tijuca que julgaria o processo de separação do tributarista.

- Jamais poderia fazer isso. Era uma questão de ética. Esse Cretton ficou aborrecido comigo. Ele insistiu que fosse falar com o juiz. Tenho impressão de que ele está fazendo represália, pois perdeu a causa.

Cavalieri disse que Cretton é apenas um entre os 24 examinadores das provas específicas - oito disciplinas, com três cada uma.

- As provas foram elaboradas da seguinte maneira: no dia da prova, às oito da manhã, o ponto era sorteado na hora. Neste momento, em conjunto, os examinadores elaboraram a prova até meio-dia. E, ao meio-dia, começava a prova. Ninguém mais tinha acesso.

O ex-presidente admitiu que estava presente durante a elaboração das questões:

- Mas, a partir da elaboração das provas, ninguém mais tinha acesso. Geralmente, terminavam por volta das onze horas. A comissão acompanhava o grupo. Quem tinha acesso era só a banca que fazia a prova.

Cavalieri lembrou, ainda, que a correção da prova foi feita em público, e os três examinadores corrigiram os exames, em sala aberta, como diz o regulamento.

- Então, não houve este negócio de gabarito. Não tinha gabarito. Eles não faziam gabarito, porque corrigiam juntos. Está no regulamento.

Na prova oral, segundo ele, cada examinador avaliava todos os candidatos

- Não se pode dar ouvido a um entre 24.

Outro detalhe destacado pelo ex-presidente do TJ: havia, na comissão, dois membros da OAB.

- Cretton nem é desembargador. Ele está inventando. Gabarito para quem, se eles mesmos corrigiam a prova?

A banca, afirmou Cavalieri, era constituída pelos melhores nomes do TJ, de todas as áreas:

- A única coisa (denúncia) que está saindo é deste cidadão. Ele me pediu para insistir na decisão (sobre o processo de separação) de uma maneira, isso não é ético.

Cavalieri disse que só acompanhou a elaboração das provas porque era presidente da comissão do concurso.

- Até os próprios examinadores não saíam da sala. Não vejo como possa haver acusação desta natureza. Não sei de onde está tirando isso. Ele está inventando isso. Se algum examinador percebe alguma irregularidade, tem que impugnar a prova na hora.