Título: Grupo de Sarney quer outro Maranhão
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 15/03/2007, O País, p. 9

Fora do poder, aliados tentam criar novo estado

BRASÍLIA. Menos de três meses depois de ter sido empossado, o novo governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), o primeiro nos últimos 40 anos a ser eleito sem o aval da família Sarney, corre o risco de ver seu estado dividido ao meio. Com a sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado já esvaziada, o senador Edison Lobão (PFL-MA) - um dos mais antigos aliados do ex-presidente José Sarney - conseguiu aprovar, em votação simbólica, um projeto de sua autoria que propõe a realização de um plebiscito sobre a criação do Estado do Maranhão do Sul.

A iniciativa de Lobão levanta suspeitas de que esse poderia ser um troco à derrota imposta por Lago à senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) na eleição do ano passado, e ajudaria a garantir a hegemonia de seu grupo político no Sul do estado, já que a maior concentração de votos do governador seria justamente na capital, São Luís. Mas o senador nega.

- Isso é pura falácia - disse Lobão.

Embora seu projeto tenha sido apresentado há um mês apenas, Lobão alegou que essa não é a primeira vez que propõe a divisão do Maranhão. A primeira vez teria sido durante a Assembléia Nacional Constituinte, em 1987, mas a proposta acabou não sendo aprovada. Ele destaca ainda que, há seis anos, tramita na Câmara um projeto semelhante ao seu e que estaria pronto para entrar na ordem do dia da Casa.

- O estado do Maranhão é muito grande. O Maranhão do Sul seria o sexto maior estado do Nordeste. Trata-se de uma região muito pobre, que precisa de um novo impulso econômico, assim como ocorreu com Mato Grosso do Sul e Tocantins, hoje o estado que mais cresce no país - argumentou o senador maranhense.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o único que fez questão de registrar seu voto contrário à proposta de Lobão, acha que o projeto deveria ter sido mais bem debatido antes de ser aprovado.

- Considero que ele (o projeto) foi aprovado de maneira apressada, sem uma discussão mínima. Na minha opinião, a matéria mereceria, inclusive, a realização de uma audiência pública. O meu maior temor é que a criação de novos estados sempre implica em novos gastos para a montagem de toda a estrutura dos três poderes estaduais. Tenho dúvidas se esse é o melhor caminho para uma região já tão carente de recursos - disse o petista.