Título: Lula: com Saúde e Educação a gente não brinca
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Fonte: O Globo, 16/03/2007, O País, p. 5

MUDANÇA NO TIME: Presidente fez a afirmação, em discurso de improviso, ao falar sobre a reforma ministerial.

"Na Saúde, se você brincar, é morte; na Educação, se você brincar, é analfabeto. Essas coisas são sérias", disse ele.

BRASÍLIA.Em meio ao arrastado processo de dividir todo o Ministério entre os partidos que lhe prometem apoio no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que só não entregou também as pastas da Saúde e da Educação por considerá-las mais importantes. Falando de improviso, chegou a dizer que, com estas duas áreas, "a gente não brinca", o que levou muita gente a se perguntar se o presidente estava admitindo, de fato que, na nomeação para outros ministérios, pode não apenas partidarizar mas também "brincar".

- Eu acho que tem duas coisas que são fundamentais no Brasil: educação e saúde. A gente não brinca, a gente não partidariza, e a gente monta o governo com as pessoas que têm competência, com as pessoas que têm capacidade de montar um bom governo, porque, na saúde, se você brincar, é morte; na educação, se você brincar, é analfabeto. Essas coisas são sérias - disse o presidente, em entrevista após lançar o Plano de Desenvolvimento de Educação. Ele respondia a uma pergunta sobre se o fato de não ter cedido o MEC para partidos, nem para o PT, significaria que ele gostaria de cuidar da educação de perto.

Na Educação, está confirmado o já ministro Fernando Haddad, professor da USP. Na Saúde toma posse hoje o médico José Gomes Temporão, ex-presidente do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e atual secretário Nacional de Atenção à Saúde.

PT queria Marta na Educação, mas Lula resistiu

Durante o processo da reforma ministerial, o PT pressionou para nomear a ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP) para o Ministério da Educação, mas Lula resistiu. Além de fazer elogios públicos a Haddad, em novembro do ano passado, Lula sinalizou, já na ocasião, que ele seria mantido. Internamente, no governo, ficou denominado como o "Dia do Fico para o Fernando Haddad".

Da mesma forma, o PMDB tentou pôr no Ministério da Saúde um deputado do partido, mas Lula insistiu em Temporão, recém-filiado à legenda e apadrinhado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, também do PMDB. A bancada não apoiou Temporão justamente porque é considerado um técnico sério.

Lula disse ainda estar convencido de que é preciso melhorar a educação do país, independentemente do custo:

- Não considero isso como gasto. Eu considero como investimento. E o investimento mais barato que o Brasil vai fazer é na formação do seu povo.