Título: Cooperação com Alagoas é último ato de Bastos à frente da Justiça
Autor: Gripp, Alan e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 16/03/2007, O País, p. 9

Ministro instalou Gabinete de Gestão Integrada de Segurança Pública.

MACEIÓ. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, participou ontem de seu último ato na pasta. Ele será substituído hoje pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. Em Maceió, Thomaz Bastos promoveu uma espécie de intervenção branca na estrutura policial do governo de Alagoas, ao instalar o Gabinete de Gestão Integrada de Segurança Pública. No início da noite, o ministro teve sua última audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tratou de algumas questões da pasta, mas aproveitou o encontro para se despedir e agradecer a confiança. Hoje, o ministro volta ao Planalto para a cerimônia de posse de Tarso.

Há dois dias, o serviço de inteligência da Polícia Federal investiga autoridades alagoanas supostamente envolvidas com a onda de assassinatos e seqüestros contra juízes e parentes de desembargadores.

- O gabinete de Gestão Integrada é uma ferramenta de extrema importância para o combate ao crime organizado. A experiência foi bem-sucedida no Espírito Santo quando até autoridades policiais e políticas de lá foram presas e a violência caiu sensivelmente - disse o ministro, em solenidade com as presenças do governador Teotônio Vilela Filho (PSDB); do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda.

Entre as autoridades presentes estava também o presidente da Associação dos Magistrados de Alagoas, juiz Paulo Zacarias da Silva, que ficou durante quatro dias nas mãos de seqüestradores e só foi libertado depois de pagar R$10 mil de resgate.

Dois helicópteros e 30 homens do serviço de inteligência da PF foram deslocados para o estado com objetivo de ajudar a investigar autoridades policiais e outras ligadas aos poderes políticos e econômicos que estariam envolvidos com os crimes que só este ano já causaram a morte de 300 pessoas e mais de 15 seqüestros, cinco deles contra membros do Judiciário.

- Não podemos revelar detalhes das investigações. Mas a instalação do Gabinete de Gestão Integrada é o ponto de partida das ações de planejamento da polícia. Só com a integração das polícias teremos êxito no combate ao crime organizado - disse o ministro.

Na solenidade, Teotônio Vilela confirmou rumores de que as ações criminosas tinham o objetivo de desestabilizar seu governo e provocar a demissão de seu secretário de Defesa Social, general Sá Rocha:

- Há hipótese de envolvimento de pessoas praticando crimes para prejudicar o meu governo. A prudência manda que eu aguarde o resultado das investigações.