Título: Unica destaca benefícios para meio ambiente
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 18/03/2007, O País, p. 11

Salários do setor são os mais altos entre as outras culturas, à exceção da soja, segundo a Unica.

Usineiros negam problemas ambientais, sociais e trabalhistas e dizem que setor tem 92% de contratação formal. .

SÃO PAULO. A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) refuta as informações sobre possíveis danos ambientais, sociais e trabalhistas do aumento da produção de etanol no país e considera as críticas normais, em função do aumento de sua produção.

Segundo a entidade, os problemas relativos à expansão do etanol são equivalentes aos de qualquer cultura em expansão.

"No caso do álcool combustível, é o mais benéfico ao meio ambiente em todos os pontos de vista, principalmente em relação às demais fontes de energia da atual matriz energética brasileira, que tem como fonte principal o petróleo, combustível fóssil e altamente poluente", afirmou a Unica, por escrito, por meio de sua assessoria.

Para a entidade, do ponto de vista agronômico, a cana no Brasil é uma cultura que apresenta um dos mais baixos índices de erosão de solo, contaminação de água e de uso de agrotóxicos.

"Além disso, a cana é uma atividade significativa no uso de mão-de-obra para os padrões brasileiros na área agrícola: os dados do PNAD - Pesquisa Nacional por amostragem de domicílios (IBGE) - indicam que salários pagos pelo setor são os mais altos entre todas as outras culturas, à exceção da soja. No país, menos de 46% de todos os empregos são formais (carteira assinada e amparo da lei). Já o setor canavieiro paulista tem um índice de contratação formal de mais de 92% em todos os níveis da cadeia", diz a Unica.

Sobre o vinhoto, a entidade afirma que o resíduo é usado há anos na fertirrigação, tornando-se fertilizante da cana, sem falar dos efeitos no lençol freático. A entidade argumenta ainda que a monocultura se caracteriza por grandes extensões de território e não é causadora específica de aquecimento global. "Aliás, o próprio conceito de monocultura nos dias de hoje é utilizado de maneira equivocada. O Brasil possui grandes propriedades agrícolas de diversas atividades, como cana, soja, milho, flores, frutas, etc, em todas as regiões do país, o que não caracteriza a monocultura".

Fim de queimadas causaria desemprego, diz entidade

A União reconhece os efeitos negativos das queimadas, mas argumenta que não pode eliminar a prática de forma abrupta porque grande contingente de trabalhadores rurais é empregado no corte manual (em 2006, cerca de 70% do corte de cana no Brasil foi manual), e uma migração muito rápida para o corte mecanizado criaria desemprego.

Sobre as más condições dos trabalhadores, a Unica alega que, pela livre negociação, diversos benefícios foram assegurados aos trabalhadores nas últimas décadas, dentre os quais se destacam: assistência médica, odontológica, ótica e farmacêutica, seguro de vida, refeição, cestas básicas, vales para refeições e transporte.