Título: Pobreza cai, mas emprego preocupa
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 19/03/2007, Economia, p. 16

Desaceleração nos EUA também é fator de apreensão

CIDADE DA GUATEMALA. Embora a pobreza tenha diminuído na América Latina - caiu de 44% para 38,5% de 2002 a 2006 -, tanto o índice de desemprego quanto o da qualidade dos empregos ainda não melhoraram, representando um obstáculo à inclusão social e financeira de boa parte dos trabalhadores. Além disso, vários países, entre eles o Brasil, caíram de posição no ranking mundial de competitividade, o que desestimula os investidores internacionais.

Apesar da América Latina ter registrado outros pontos positivos em 2006, como um déficit equivalente a apenas 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e um superávit em conta corrente igual a 1,8% desse indicador - além de um aumento de 20,8% nas exportações extra-regionais, e de 24,5% nas intra-regionais -, existe uma certa apreensão na área. O motivo é que ela continua dependendo do desempenho dos EUA, cujo futuro é incerto, segundo o informe anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), divulgado ontem em sua reunião anual.

"O desempenho da economia americana está demonstrando sinais de desaceleração. Embora uma recessão nos EUA pareça improvável, a possibilidade não pode ser descartada", diz um trecho do documento.

Os maiores riscos, e também os mais imprevisíveis, teriam como origem os mercados financeiros internacionais. Segundo economistas do BID, uma recessão americana significaria pelo menos "dois pontos percentuais menos de crescimento na região". Em 2006, ele foi de 5,3%, e deverá sofrer um decréscimo este ano para algo entre 4% e 4,5%. Essa estimativa, impressa no informe do BID, acabou sendo corrigida por seu presidente, Luis Alberto Moreno. Segundo ele, dados mais recentes, computados após aquela avaliação, indicam que o crescimento poderia ser de 4,8% a 5%. (J.M.P.)