Título: Concentração no setor petroquímico
Autor: Ordoñez, Ramona e Beck, Martha
Fonte: O Globo, 20/03/2007, Economia, p. 18

SÃO PAULO e RIO. "A Petrobras é o cartão de crédito da mais alta qualidade em qualquer lugar do mundo". A frase foi dita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 2. Dezesseis dias depois, a Petrobras foi às compras. Ao adquirir a Ipiranga, faz um movimento de retorno a um setor que abandonou nos anos 90: o petroquímico - que produz matéria-prima para plásticos, por exemplo.

A venda da Ipiranga representa uma segunda etapa na consolidação ou concentração do setor. Tudo começou em agosto de 2002, quando os grupos Odebrecht e Mariani integraram seus ativos do setor à Copene, a central petroquímica no Nordeste. Estava criada a Braskem, uma das compradoras da Ipiranga.

Pelo desenho anunciado ontem, a Petrobras passará a deter 40% do capital da Ipiranga Petroquímica, controladora da central de matérias-primas da Companhia Petroquímica do Sul (Copesul). Os 60% restantes ficarão com a Braskem. O mercado especula que esses ativos mais as ações da Petrobras na Petroquímica Triunfo poderão ser incorporados à Braskem.

- O tom é de concentração gradual - confirma o chefe de análise da Brascan Corretora, Felipe Cunha.

Como parte desse movimento, também começou a ganhar corpo a estratégia da Petrobras de voltar a ser um ator importante no setor petroquímico. Por meio da Petroquisa, a estatal já tem projetos em andamento, caso da Rio Polímeros.

- Não vejo problema algum nessa compra - avalia o consultor David Zylbersztajn.

Como ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo, ele não considera que a Petrobras esteja reinventando a reestatização. Isso só ocorreria, a seu ver, se tivesse havido um anúncio formal do governo Lula. (Liana Melo e Aguinaldo Novo)