Título: Câmara volta a tentar aumento de subsídios
Autor: Jungblut, Cristiane e Braga,Isabel
Fonte: O Globo, 21/03/2007, O País, p. 9

Chinaglia pede a líderes que levem tema a bancadas; desta vez, maioria defende reajuste com base na inflação.

BRASÍLIA. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), retomou ontem a discussão sobre o aumento do subsídio dos parlamentares. Em reunião com os líderes, pediu que analisem o assunto em suas bancadas e anunciou que levaria a decisão, na fase final, ao plenário. A maioria dos líderes é favorável ao reajuste com base na inflação do período, aplicado apenas ao valor do subsídio (hoje em R$12,8 mil), sem mexer no valor da verba indenizatória, de até R$50,8 mil. Com a correção da inflação (28,2%), os vencimentos subiriam para R$16,4 mil.

Mas nem todos concordam em discutir a questão neste momento. Na prática, a decisão de Chinaglia de levar a questão ao plenário é uma tentativa de não assumir sozinho o ônus de aprovar um reajuste dos vencimentos, como ocorreu com o antecessor, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que encampou a idéia de aumento de 92% e depois recuou.

Chinaglia também disse ontem que, em sua opinião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganha pouco se comparado aos vencimentos de parlamentares, ministros e magistrados. Semana passada, ao dar posse a três ministros, Lula reclamou dos baixos salários de sua equipe e chamou os ministros de heróis por ganharem pouco (R$8.300). Chinaglia disse que pretende discutir o reajuste dos subsídios com o Senado e o Executivo.

- Pedi aos líderes que informem a posição de suas bancadas. Se comparar o salário do presidente com o de deputados e senadores, e com os salários de juízes e ministros (do Judiciário), acho que o presidente ganha pouco - disse Chinaglia.

Na reunião de líderes, Chinaglia disse que a sugestão de discutir aumento foi do deputado Ciro Nogueira (PP-PI) e que ele pretende levar a discussão a plenário "para que seja feita da forma mais transparente possível". Nogueira havia apresentado à Mesa Diretora proposta de reajustar da verba indenizatória.

O líder do PFL, Onyx Lorenzoni (RS), disse que o reajuste com base na inflação deve ser uma regra permanente. Ele defendeu a discussão neste momento, argumentando que sempre haverá reação:

- O momento nunca vai ser adequado, por isso, que seja feita agora, mas de forma clara.

Os líderes do PT, Luiz Sérgio (PT), do PTB, Jovair Arantes (GO), do PSDB, Antonio Carlos Pannunzzio (SP), e do PR, Luciano de Castro (RR), também defendem o reajuste com base na inflação. Mas há quem não considera o momento adequado:

- Isso é matéria secundária e qualquer discussão só deve ser feita se não implicar no aumento do custo do parlamentar - disse Chico Alencar (PSOL).