Título: País passa para décimo no ranking, com PIB de US$882 bi após mudança
Autor: Almeida, Cássia e Melo, Liana
Fonte: O Globo, 22/03/2007, Economia, p. 27
Pela variação anual, taxa só fica maior que a de Haiti e El Salvador, na AL.
SÃO PAULO. Com a mudança no cálculo do PIB, o Brasil ultrapassou Índia, Austrália, Holanda e Coréia do Sul e ficou entre as dez maiores economias do mundo em 2005. Usando a taxa média do câmbio no período, o PIB brasileiro em valores correntes em dólar passou de US$796,02 bilhões para US$882,13 bilhões depois da revisão divulgada pelo IBGE.
Um estudo da consultoria Austin Rating mostra que, pelas regras anteriores, o Brasil ocupava a 15ª posição em 2003 e em 2004, e avançou para a 11ª no ano seguinte. Pela nova metodologia para o PIB, a pior colocação do país foi um 13º lugar, em 2003 e 2004, chegando em 10º em 2005.
Para fazer a comparação, a Austin usou dados do Fundo Monetário Internacional para uma amostra de 178 países. Apesar do ganho, o PIB brasileiro ainda é 21,7% menor do que o da Espanha (US$1,127 trilhão), que ocupa a 9ª colocação no ranking. Em primeiro lugar estão os Estados Unidos (US$12,4 trilhões), seguido por Japão (US$4,5 trilhões) e Alemanha (US$2,7 trilhões).
- A revisão mostrou que há muito o que se aperfeiçoar em relação à contabilidade nacional, e que as condições de crescimento do país são um pouco maiores que nos últimos anos - afirmou o economista-chefe da Austin, Alex Agostini.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresentou um ranking diferente pelo qual o Brasil volta a sustentar o título de 8ª economia do planeta. Por ele, em 2005 o Brasil era a 9ª economia, com PIB estimado de R$1,627 trilhão, atrás da Itália, com PIB de R$1,667 trilhão. Com a revisão, diz Mantega, a economia do Brasil ficou US$120 bilhões mais rica, ultrapassando a Itália e encostando na França:
- Agora, o G-8 é com o Brasil dentro, colando no 7º colocado.
Se a comparação em valores do PIB é favorável ao Brasil, o mesmo não ocorre quando se considera a taxa de crescimento anual. Nesse caso, o país continua com o pior desempenho entre os integrantes do chamado Bric (além do Brasil, Rússia, Índia e China) e não passa do 34º lugar entre as 35 maiores economias emergentes - na frente apenas do Paraguai.
Pelos novos números do IBGE, o PIB brasileiro registrou variação de 2,9% em 2005 - contra 2,3% na medição anterior. Continua distante do alcançado por países como China (10,2%) e Índia (8,5%) e mesmo pelas vizinhas Argentina (9,2%) e Venezuela (9,3%). De uma amostra com 18 países latinos, o Brasil só ultrapassa o Haiti (0,4%) e El Salvador (2,8%), e empata com os 2,9% do Paraguai. Já foi pior: antes da revisão feita pelo IBGE, o país estava à frente apenas do Haiti.
Segundo Agostini, um dos méritos da revisão foi mostrar que o potencial de crescimento da economia interna estava subestimado pelo mercado. Mas, por outro lado, a mudança no cálculo depreciou ainda mais a taxa de investimentos, de 19% para pouco mais de 16% do PIB.
- É essa taxa que tem deteriorado ainda mais a condição do país em relação a seus pares, principalmente China e Índia, onde a taxa de investimentos está entre 25% e 30% - diz o economista-chefe da Austin.
Apesar de ter melhorado, o PIB per capita brasileiro continua distante dos líderes. Pela série antiga, o país ocupava a 74ª posição entre 178 países, com US$4.316 ao fim de 2005. Com a revisão, foi para US$4.803, na 67ª posição.