Título: Oposição lança dúvida sobre cálculos
Autor: Almeida, Cássia e Melo, Liana
Fonte: O Globo, 22/03/2007, Economia, p. 27

Para pefelista, é o "PIB virtual". Governistas comemoram os números Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. A oposição questionou a mudança de metodologia no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), cuja nova série histórica para o período entre 2000 e 2005 reduziu a expansão média da era FH e elevou a do governo Lula. O crescimento mais robusto do que o imaginado nos três primeiros anos do PT à frente do Executivo federal foram também ironizados como tempos do "espetáculo do crescimento virtual" por alguns parlamentares. Mas outros levantaram dúvidas sobre os critérios técnicos do IBGE.

O deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) disse que o PT está mobilizando o instituto:

- A revisão do cálculo do PIB é mais um espetáculo deprimente do PT, que não respeita sequer os critérios (técnicos). Mesmo com os cálculos, o Brasil está atrasado em relação ao mundo. Dizer que o Brasil está crescendo é o mesmo que dizer que a Argentina foi vice-campeã na Guerra das Malvinas.

O líder do PSDB na Câmara, Antônio Carlos Pannunzio (SP), colocou em dúvida o valor técnico do IBGE.

- Uma mudança que baixa a meta do governo anterior (de Fernando Henrique Cardoso) e aumenta as do governo de plantão é, no mínimo, suspeita.

Já o deputado pefelista Rodrigo Maia (RJ) disse que os números não condizem com a realidade dos últimos anos:

- É o PIB virtual. O espetáculo do crescimento virtual, só que não gera mais comida ou trabalho.

Líder da minoria na Câmara, Julio Redecker (PSDB-RS) disse que o governo quer criar expectativa positiva às perspectivas de desenvolvimento sustentado:

- Mas não vejo o governo entusiasmado com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O governo quer chamar crescimento, está preocupado com o pessimismo que há em relação à falta de interesse nas PPPs (parcerias público-privadas). Quer melhorar o desempenho da economia por meio da publicidade e da propaganda.

A nova série histórica foi questionada também pelo líder do PPS na Câmara, Fernando Coruja (SC), para quem o governo quer mascarar o desempenho real da economia:

- É como se dissesse o seguinte: já que o país não consegue crescer, vamos mudar a fórmula de variação desse cálculo para que o Brasil se desenvolva.

Já os governistas elogiaram o IBGE e comemoraram. O vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), disse que a revisão dos critérios era necessária e recomendada internacionalmente:

- Os cálculos precisam ser atualizados, isso é normal. O próprio cálculo que formula o índice de risco-país foi modificado e nos deixou empatados com a Argentina. O cálculo que interessa é o da geração de empregos, do desempenho da economia, do controle da inflação, do aumento das exportações. O resultado do PIB não se vê só nos números.

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