Título: 'Com juro alto, economia cresceu muito'
Autor: Almeida, Cássia e Melo, Liana
Fonte: O Globo, 22/03/2007, Economia, p. 27

Para o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, o Banco Central deve olhar com interesse para a revisão do PIB: o país cresceu acima do previsto, apesar da taxa de juros elevada. Cunha ressalta que os novos números acendem uma luz amarela na economia brasileira, já que houve queda de investimentos.

Fabiana Ribeiro

Como o senhor avalia os novos resultados divulgados pelo IBGE?

LUIZ ROBERTO CUNHA: O mercado já esperava por revisões para cima. O que surpreendeu foi esse aumento significativo no crescimento da economia do país. De qualquer maneira, a metodologia do IBGE é qualificada e, portanto, não há o que se questionar sobre isso.

Na sua opinião, o que puxou esse salto do PIB, após as alterações metodológicas?

CUNHA: Um dos principais responsáveis, sob a ótica da renda, foram o consumo das família e o do próprio governo. Sem dúvida.

Já os investimentos no país...

CUNHA: De fato há um crescimento maior com investimento menor. O que, certamente, acende uma luz amarela.

O país cresceu mais, apesar das altas taxas de juros. Como o senhor avalia isso?

CUNHA: Isso é realmente bastante interessante. O Banco Central deve olhar para esses números do IBGE com atenção especial. Afinal, mesmo com altas taxas de juros, a economia do país cresceu muito mais do que era esperado.

Esse resultado muda as projeções de crescimento do PIB em 2007?

CUNHA: Ainda é preciso digerir melhor esses resultados. Mas, na minha avaliação, o crescimento de 2007 projetado em 3,5% e 4% se confirma.