Título: Governo comemora o 'Pibinho que virou Pibão'
Autor: Almeida, Cássia e Melo, Liana
Fonte: O Globo, 22/03/2007, Economia, p. 27

Ministros admitem rever para cima projeções de crescimento. Henrique Meirelles destaca controle da inflação.

Legenda da foto: PARA MANTEGA, resultado do IBGE mostra que o Brasil entrou na rota do crescimento.

Legenda da foto: BERNARDO: "DEIXA a gente curtir o Pibão"

Patrícia Duarte, Regina Alvarez, Ronaldo D"Ercole e Ramona Ordoñez

BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO. Alvo de críticas severas devido ao desempenho até agora considerado muito aquém do desejado no primeiro mandato, a equipe econômica veio a público ontem exultante para celebrar a nova série histórica do Produto Interno Bruto (PIB). Entre o alívio e a revanche, ministros comemoraram o "Pibinho que virou Pibão", nas palavras de Paulo Bernardo (Planejamento). A equipe destacou a solidez dos fundamentos e o fato de a economia ser 11% mais rica do que se imaginava, antecipando que podem revisar para cima as projeções de crescimento dos próximos anos.

- A história do que aconteceu na economia nos últimos dez anos vai ter que ser reescrita - previu Bernardo.

Ele afirmou ainda que os novos números mostram que algumas críticas ao governo foram injustas, e citou o "pibinho", uma referência ao PIB médio do governo Lula utilizada largamente pela oposição:

- O Pibinho virou quase um Pibão.

Perguntado qual o efeito da revisão do PIB nas contas do governo e no esforço fiscal, respondeu:

- Não dá para saber ainda qual será a conseqüência. Por ora, deixa a gente curtir o Pibão!

Segundo Bernardo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou muito satisfeito com os novos números do PIB, mas recomendou que o governo deve permanecer empenhado em viabilizar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para garantir crescimento ainda maior e melhor infra-estrutura.

Fazendo coro com seu colega, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que deverá puxar para cima os cálculos de expansão do PIB em 2007, hoje em 4,5%.

- Estou muito satisfeito com resultado do IBGE porque mostra que o Brasil entrou na rota de crescimento sustentável - avaliou Mantega.

Segundo ele, pela nova metodologia, a expansão da economia em 2006 pode chegar a até 3,5%, contra 2,9% da medição anterior.

- Isso significa que a economia cresce a um ritmo mais acelerado, e alcançar uma expansão de 4,5% do PIB este ano se tornou mais fácil - disse.

Mais contido e técnico, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, destacou o controle da inflação como primordial para o crescimento econômico, bem como a previsibilidade nos mercados.

- O Brasil tem ampliado sua capacidade de crescer a partir da estabilização da economia e da manutenção da inflação baixa e na meta, uma conquista que aumenta a previsibilidade da economia, o emprego e a renda da população - disse ele.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Demian Fiocca, disse que a nova fórmula de calcular o PIB reflete melhor o desempenho da economia do país.

- Não me surpreende a revisão, especialmente na área de serviços na qual se sabia que existia defasagem - disse.