Título: EUA falam em revolução com etanol
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 23/03/2007, O País, p. 8

Em encontro nos EUA, Lula e Bush discutirão parceria no setor de energia

José Meirelles Passos

WASHINGTON. Depois de tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto o presidente George W. Bush terem definido várias vezes a sua aliança como "estratégica", com base numa parceria que terá o etanol e os biocombustíveis como eixo, o governo dos Estados Unidos usou ontem outra palavra para falar do objetivo final dessa sociedade: promover uma "revolução".

Ao fazer um balanço da recente visita de Bush à América Latina e referir-se à viagem de Lula a Washington na semana que vem, o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos, Nicholas Burns, disse que, ao se tornar um "assunto internacional determinante", a energia está redefinindo "o cenário de poder global". E emendou:

- É importante que tenhamos independência energética. E, se há um país no mundo que tem sido líder na busca dessa independência, é o Brasil. Portanto, os dois líderes mundiais no mercado de etanol, Brasil e Estados Unidos, juntaram forças. Devemos ser parceiros, de forma a que possamos alimentar uma revolução ao redor do mundo com combustíveis alternativos que também ajudarão a resolver o problema da poluição ambiental - disse Burns.

O assunto fará parte da agenda do novo encontro de Lula em Bush, no próximo dia 31, na casa de campo presidencial em Camp David, num grau de importância tão alto quanto a discussão de um pacto entre os dois países para as negociações da rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio, segundo Burns. O embaixador do Brasil nos EUA, Antonio Patriota, reforçou essa perspectiva durante almoço no Conselho Empresarial Brasil-EUA.

Patriota disse que os dois países não vão se satisfazer com um nível modesto de ambição no avanço da questão agrícola:

- Brasil e Estados Unidos compartilham o sentimento de que, para Doha ser bem sucedida, temos que ter um nível elevado de ambição. Há países que participam das negociações com uma agenda mais defensiva, que se satisfarão com o fato de terem protegido certos setores que consideram vulneráveis. Não é essa a visão do Brasil e dos EUA: nós confiamos nos benefícios do comércio vivo.