Título: Mais de 2.222 presos num dia só
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 24/03/2007, O País, p. 3

Megaoperação, inédita, mobiliza Polícias Civis de 25 estados e do DF.

Legenda da foto: AGENTES ESPECIAIS DA Polícia Militar de São Paulo recolhem bombas artesanais encontradas numa central de distribuição de drogas localizada na Favela São Remo, no Butantã, Zona Oeste da capital paulista.

Em uma iniciativa inédita, policiais civis realizaram, simultaneamente, uma megaoperação em 25 estados e no Distrito Federal e prenderam pelo menos 2.222 pessoas. O número de prisões refere-se apenas a 11 estados e ao DF, uma vez que ainda não foi divulgado um balanço geral da blitz. Pelo menos 25 mil policiais civis participaram da mobilização em todo o país. O presidente do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil, Mário Jordão Toledo, que é delegado-geral da Polícia de São Paulo e coordenou a operação, disse que as ações simultâneas foram uma "demonstração de força", acrescentando que a Polícia Civil não deixará "bandido ter mais sossego".

A maior operação ocorreu em São Paulo, onde houve 1.675 prisões, com a participação de 21 mil policiais. No balanço das ações no estado, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão, disse que três bandidos foram mortos em confronto com a polícia. Foram apreendidos 321,95 quilos de entorpecentes e 257 armas, entre elas duas metralhadoras. Apesar de a operação ter realizado seu "Dia D" ontem, algumas ações começaram a ser feitas pelo país na segunda-feira.

De acordo com o presidente do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia, a megaoperação não teve o objetivo de protestar ou chamar a atenção das autoridades nacionais para a situação crítica das polícias civis estaduais.

- Não, pelo contrário. A postura do Conselho é exatamente esta: mostrar à população que a Polícia Civil está articulada, organizada cada dia mais. Não há absolutamente qualquer protesto, nem teria cabimento porque estamos cumprindo a lei com muito esforço, com muita dedicação dos nossos policiais - disse Jordão.

O combate às várias quadrilhas que praticam diferentes tipos de crimes em São Paulo foi o principal foco da megaoperação, segundo Jordão.

- Ocorreram muitas prisões importantes, desde quadrilhas de seqüestradores, de traficantes, a de assaltantes. Em termos de tráfico, muitas quadrilhas, roubo de carga, homicidas... Foram presos estupradores, assaltantes. O enfoque geral foi de combate a quadrilhas e ao crime organizado - disse Jordão.

Três bombas em favela de São Paulo

Numa das blitzes, a polícia precisou chamar o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da Polícia Militar, para desativar três bombas artesanais encontradas numa casa de alvenaria que funcionava como distribuidora de drogas na Favela São Remo, no Butantã (Zona Oeste). No local, também foram encontradas drogas e armas.

De acordo com Jordão, a megaoperação começou a ser planejada há um mês.

- Foi um trabalho de quase um mês de análise, de levantamento de dados, de cruzamento de informações. Foi um trabalho árduo, cansativo, mas que elevou muito a motivação dos policiais civis de todo o Estado de São Paulo. Nós, antes da operação, percorremos todo o interior do estado, discutindo as questões de segurança pública e motivando. Hoje a Polícia Civil está muito unida, coesa. E hoje a satisfação com essa operação foi muito grande - resumiu.