Título: 'Marta pode ter qualquer cargo no mundo'
Autor: Goiis, Chico de e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 24/03/2007, O País, p. 14

Lula, porém, não deu os que ela desejava.

BRASÍLIA. Fritada em público pelo presidente Lula, que relutou em nomeá-la para os ministérios das Cidades ou da Educação, como queria, a ex-prefeita Marta Suplicy foi coberta de elogios na festa da posse. Segundo Lula, é uma mulher que provou sua competência política e administrativa.

- Alguém que foi prefeita de São Paulo pode ter qualquer cargo no mundo. Só um doido quer governar São Paulo.

Segundo Lula, uma das razões pelas quais Marta não ganhou a reeleição para a Prefeitura de São Paulo foi o preconceito.

- Ela é uma traidora de classe, ela traiu a classe dela porque resolveu fazer uma política para os pobres que jamais foi feita naquela cidade - disse o presidente, referindo-se ao fato de a ministra ter nascido em uma família rica.

A nova ministra do Turismo prometeu lutar contra o turismo sexual. Marta deixou claro que sua meta é ambiciosa e que sua gestão terá caráter social. Como prioridades, listou a geração de emprego e renda, a redução das disparidades regionais e o fortalecimento do turismo como indústria que merece ser explorada.

- Combaterei com todas as minhas forças o turismo sexual e todas as formas de exploração. Esse tipo de turista não queremos aqui, e, de preferência, queremos presos, atrás das grades.

Ela agradeceu os elogios que o presidente Lula lhe fez na posse, mas rechaçou especulações de que seriam um apoio a uma eventual candidatura em 2010.

Marta elogiou o antecessor, Walfrido dos Mares Guia, novo articulador político. Disse que encontrou uma "jóia", um ministério muito bem organizado. O orçamento da pasta foi de R$123 milhões em 2003 para R$1,8 bilhão em 2007.

Ao falar da crise nos aeroportos, Marta disse que a população pode esperar que os problemas sejam rapidamente resolvidos, mas não soube dizer quais ações irá adotar.

- A crise nos aeroportos prejudica, mas o impacto nos números não apareceu - disse Marta, não escondendo a irritação quando perguntada se essa crise não poderia influir nas estatísticas futuras. - Não tenho bola de cristal.