Título: Lula agradece a Dirceu na posse de ministros
Autor: Goiis, Chico de e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 24/03/2007, O País, p. 14
Presidente diz que trocas são resultado da coalizão e não da necessidade de mudar governo, e que vai "ficar no pé" dos novos.
Legenda da foto: LULA OBSERVA o cumprimento de Mares Guias e de Marta na cerimônia de posse dos novos ministros.
BRASÍLIA. No discurso que fez na posse dos três novos ministros - Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), Reinhold Stephanes (Agricultura) e Marta Suplicy (Turismo) - o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu críticas à escolha de alguns ministros, prometeu que vai "ficar no pé" dos novos auxiliares, cobrando ações, e agradeceu a todos que passaram pela coordenação política do governo, citando-os nominalmente, inclusive o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, acusado pelo Ministério Público Federal de ser o mentor do mensalão.
Mares Guia foi o nome mais elogiado pelo presidente na cerimônia de troca de ministros ontem. Lula citou o nome dele 14 vezes. O de Marta Suplicy, que o substituiu no Turismo, seis.
- A unanimidade é que o Walfrido é o ministro que mais gosta de deputado e senador - disse Lula.
"Pela situação do país, não precisaria mudar ministro"
O presidente justificou as trocas argumentando que são resultado da coalizão que fez com 11 partidos, não da necessidade de mudar o governo. Para Lula, "é possível fazer política com P maiúsculo, e é possível construir um país pensando nos próximos 20 anos e não apenas nos próximos quatro anos". Ele enfatizou aspectos positivos da economia e afirmou:
- Eu volto a repetir que, se dependesse da situação do nosso país, eu não precisaria mudar nenhum ministro - disse Lula. - A situação econômica do país é sólida, estamos vivendo um dos momentos históricos de maior envergadura da economia brasileira. Os economistas aqui presentes, e os que certamente irão ouvir o que eu estou falando, sabem que não há momento na história econômica do país em que a gente tenha tantos fatores positivos totalmente combinados entre si, e que o Brasil, poucas vezes na sua história, teve uma situação privilegiada como a que estamos tendo.
Para Lula, apesar das dificuldades do primeiro mandato, ele conseguiu os votos de "milhões de almas" que muitas vezes não tinham acesso aos meios de comunicação. Ele admitiu que fez em 2003 "um dos maiores apertos na economia brasileira" e que só tomou tais medidas por causa do "acúmulo de capital político" que tinha. Lembrou que quando ele e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (presente à cerimônia) decidiram aumentar o superávit primário sabiam que receberiam críticas, mas chegaram à conclusão de que tinha de aplicar uma "palmadinha carinhosa", para chegar aonde chegou.
- Muita gente ficou atônita porque, depois do massacre que o governo sofreu, as pesquisas mostravam que nós íamos ganhar as eleições - disse Lula, depois de afirmar que não iria mais fazer comparação com outros governos, mas com seu primeiro mandato.
- É porque milhões e milhões de almas brasileiras, mulheres e homens, que recebiam o benefício diretamente na sua casa, seja na agricultura familiar, seja na política de urbanização de favelas, seja no Bolsa Família, seja nos programas para a juventude brasileira, muitas vezes não tinham sequer condições de ter acesso aos jornais ou a um jornal na televisão.
Ao justificar a escolha de Walfrido dos Mares Guia para a pasta de Relações Institucionais, Lula lembrou que quando o convidou, em dezembro de 2002, para ser ministro do Turismo, o próprio Walfrido disse que não poderia aceitar porque respondia a um processo. Lula, então, disse que se ele não tivesse cometido o crime do qual estava sendo acusado, não haveria problema.