Título: Três ministros cuidarão de 2º e 3º escalões
Autor: Damé, Luiza e Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 24/03/2007, O País, p. 15

Nomes passarão pelo crivo de Dilma, Mares Guia e Paulo Bernardo

BRASÍLIA. Mesmo depois de duas sextas-feiras consecutivas de posses de ministros, o presidente Lula ainda não concluiu a reforma ministerial que começou a negociar em novembro do ano passado. O presidente acertou o espaço do PMDB e do PP, mas ainda não confirmou promessas feitas a PDT e PSB, nem decidiu a situação do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Mas já está se preparando para a segunda etapa da formação de governo: a disputa pelos cargos de segundo e terceiro escalões.

Ontem, o presidente determinou que tudo passará pelo crivo de um grupo composto pelos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) e Paulo Bernardo (Planejamento). O que pode significar que os ministros titulares não terão tanta liberdade assim para preencher todos os cargos das pastas.

- O presidente manifestou o desejo de fazer uma coordenação de três ministros para que a gente possa acompanhar isso e submeter a ele os nomes, os currículos e as ponderações - disse Mares Guia.

Ontem à tarde, Lula chamou ao Palácio do Planalto a cúpula do PSB para discutir a ampliação do espaço do partido no governo. O governo estuda a criação da Secretaria Especial de Portos, que seria ocupada pelo ex-ministro da Integração Pedro Brito, ligado ao deputado Ciro Gomes (PSB-CE). A tendência é que a secretaria seja criada, mas a decisão final deve ser tomada segunda-feira, em reunião no Planalto, com ministros envolvidos nessa discussão.

O presidente do PSB, Eduardo Campos, governador de Pernambuco, disse que o apoio do partido ao governo independe de cargos, mas sinalizou que Lula vai satisfazer a legenda:

- O PSB estará representado no governo por muitos companheiros, alguns que já estão e muitos que serão convocados.

O PSB, que já teve dois ministérios, agora tem a pasta da Ciência e Tecnologia, ocupado por Sérgio Rezende.

- O presidente disse que vai encaminhar de forma a atender o pleito político do PSB - afirmou o senador Renato Casagrande (PSB-ES).

Mares Guia reconheceu o direito de o partido clamar por mais espaço:

- Se os partidos não reclamarem por espaço, alguma coisa está errada. Todos os partidos querem mostrar seus pontos positivos, suas lideranças.

O PDT também aguarda um comunicado oficial do presidente sobre o Ministério da Previdência Social. O nome preferido do partido é o do presidente do PDT, Carlos Lupi. O segundo indicado do PDT é o secretário-geral do partido, Manoel Dias. A conversa com o PDT deve ocorrer segunda-feira. Lula já ameaçou retirar a pasta do partido, como represália ao fato de a bancada pedetista ter assinado a criação da CPI do Apagão Aéreo. Agora que o PDT votou com o governo, rejeitando a CPI, Lupi voltou a ter chances.

- A única coisa que pode causar estranheza é a não confirmação - disse Lupi.

A situação no Ministério do Desenvolvimento Agrário também está indefinida, mas é certo que ficará com o PT. É provável que Guilherme Cassel seja mantido. Na Secretaria Especial da Pesca, a dúvida é se Altemir Gregolin será mantido ou se voltará José Fritsch.