Título: Comunicação: estrutura inédita em 12 anos
Autor: Gois, Chico de e Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 24/03/2007, O País, p. 16

Franklin Martins terá status de ministro e cuidará da relação com a imprensa e das verbas de publicidade.

BRASÍLIA. O governo Lula decidiu adotar uma estrutura única, numa supersecretaria, para cuidar da relação com a imprensa e da publicidade institucional. É o que acontecerá depois que o jornalista Franklin Martins tomar posse, na próxima semana, na atual Secretaria de Imprensa e Porta-Voz, que se unirá à Subsecretaria de Comunicação Institucional da Secretaria-Geral (Secom). Nos últimos 12 anos, nos dois governos de Fernando Henrique e no primeiro mandato do presidente Lula, essas áreas eram separadas.

Além disso, a proposta de criação da TV pública, que consumirá aproximadamente R$250 milhões e que hoje está a cargo do Ministério das Comunicações, passará aos cuidados da nova supersecretaria, ainda sem nome definido.

A Secom tem um orçamento de R$150 milhões. Mas tem influência sobre a destinação dos recursos de publicidade das empresas estatais, entre elas Petrobras, Eletobrás, Banco do Brasil e Caixa, que somam quase R$1 bilhão. A união na mesma pasta de assuntos distintos - a relação com a imprensa e as informações de governo e a propaganda institucional, que estabelece a política de publicidade do governo nos meios de comunicação e a distribuição de verbas publicitárias - será um desafio para Franklin Martins, que terá status de ministro.

Ex-guerrilheiro, novo ministro seqüestrou embaixador

Franklin Martins disse que vai acumular todas as funções em princípio, mas que em breve será escolhido um novo porta-voz e um responsável pela área de publicidade e propaganda.

O jornalista Franklin Martins foi líder estudantil na época da ditadura e depois guerrilheiro. Ele militou no grupo comunista MR-8 e participou do seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick. A ação forçou o governo a libertar 15 presos políticos. Entre eles, José Dirceu.

Por ter participado do seqüestro, até hoje Franklin é impedido de entrar nos Estados Unidos - situação semelhante à do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que também participou do seqüestro. Por isso, na semana que vem, quando o presidente Lula for aos EUA, ele não poderá acompanhar o chefe.

Franklin foi chefe das sucursais de Brasília do GLOBO e da TV Globo, e também comentarista da TV. Antes, trabalhou no "Jornal do Brasil", no "Estado de S.Paulo" e no SBT, entre outros veículos. Recentemente, antes de aceitar a proposta de Lula, estava trabalhando na TV Bandeirantes como comentarista político.