Título: Franklin diz que terá subs para cada área
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Fonte: O Globo, 24/03/2007, O País, p. 17

No primeiro momento, porém, futuro ministro afirma que concentrará tudo.

Legenda da foto: O JORNALISTA FRANKLIN Martins ao deixar o Palácio do Planalto ontem: novo modelo de comunicação

Luiza Damé e Chico de Gois

BRASÍLIA. No dia em que foi confirmado como ministro de uma supersecretaria que cuidará da comunicação no governo, o jornalista Franklin Martins rebateu as críticas ao fato de que sua pasta vai acumular duas áreas distintas: publicidade e imprensa. Franklin disse que, num primeiro momento, ele mesmo irá concentrar todas essas funções, mas que, em breve, pretende nomear profissionais para cuidar de cada uma das atividades. E criará um departamento para lidar com a imprensa, e outro para tratar da questão da propaganda governamental.

- Todo jornal sério no qual trabalhei tem a área da redação e a área comercial que, embora respondam ao mesmo dono, não se misturam - disse.

Franklin afirmou ainda que a divisão das verbas publicitárias obedecerá a "critérios técnicos". Ele informou que a Presidência terá um porta-voz para expressar as opiniões do presidente. Franklin disse que não caberá a ele essa função.

Ontem, o futuro ministro deu sua primeira entrevista a um canal de TV, a Bandeirantes, emissora na qual trabalhou até o convite do presidente Lula. Disse que o principal desafio da nova pasta será qualificar o debate na sociedade, valendo-se dos meios de comunicação.

- O nosso principal objetivo é qualificar o debate e não dispersar energia em questões secundárias - disse.

Ele afirmou estar tranqüilo em relação à mudança de posição e não temer as cobranças da imprensa. Franklin ressaltou que a função da imprensa é cobrar ações do governo, mas "sem preconceito":

- Eu espero que critiquem. O trabalho da imprensa não é ficar batendo palma para o governo. A imprensa, em princípio, deve fazer a cobrança do governo, evidentemente, sem preconceito, procurando fazer baseado em fato. Acho isso absolutamente normal. E essa passagem de estilingue a vidraça é algo que vou ter de me adaptar. Nos últimos dias, tenho me preparado mentalmente para saber como vou fazer essa mudança de posição, mas estou muito tranqüilo. O Brasil vive um momento importante, a economia está arrumada, estamos nos preparando para crescer, o debate público está se aprimorando.

Segundo ele, a principal missão do novo ministério será fazer uma comunicação "fluida, tranqüila e profissional" com a sociedade. Essa comunicação, afirmou Franklin, se dá por meio de uma relação respeitosa do com a mídia e da imprensa com o governo. Disse ainda que a TV pública, principal projeto da nova pasta, ainda está em fase de estudos, mas não será "chapa branca", nem concorrerá com redes comerciais:

- Não é uma TV estatal, de jornalismo chapa branca. É uma TV que, bancada por recursos públicos, não tem preocupação comercial e, com isso, pode trazer uma série de temas em debate, as várias peculiaridades regionais para dentro da TV. Ela complementa a TV comercial.