Título: Para Lula, política social garantiu PIB maior com menos investimento
Autor: Eloy, Patricia
Fonte: O Globo, 24/03/2007, Economia, p. 40

Na posse de ministros, presidente comenta novos números da economia.

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu ontem à abrangência da política social de seu governo o aumento das taxas de crescimento do Brasil, com a nova série histórica do Produto Interno Bruto (PIB, produção de bens e serviços do país) divulgada na quarta-feira pelo IBGE. Ao dar posse a três novos ministros, Lula aproveitou o discurso para comentar, pela primeira vez, a revisão dos números, que lhe favoreceu. O presidente disse que sua "teoria" é que só o desembolso de recursos para a área social explica uma expansão mais forte da economia diante da redução dos investimentos.

Lula afirmou ter feito esta avaliação para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na tarde de quinta-feira, quando reuniu o ministério e os presidentes dos bancos federais - à exceção do BNDES e do Banco da Amazônia (Basa) - para tratar das políticas sociais nos próximos quatro anos:

- Eu brincava com o ministro Guido Mantega dizendo que, embora o IBGE tenha dito que caiu o investimento e mesmo assim cresceu o PIB, a explicação do crescimento da economia se deve à quantidade extraordinária de dinheiro colocado nas políticas sociais deste país.

Segundo o IBGE, a revisão para cima do PIB deveu-se à incorporação de novas pesquisas sobre a produção e o consumo brasileiros e ao aperfeiçoamento metodológico na apuração do comportamento de diversos setores. Isto não só fez com que o PIB captasse melhor a economia informal como alterou significativamente o movimento de alguns segmentos.

Por exemplo, o consumo das famílias - sobre o qual o gasto social pode ter tido efeito - expandiu sua participação no PIB e seu ritmo de crescimento: a expansão, que era de 3,1% em 2005, foi revista para 7,1%.

O presidente também comemorou os dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), segundo os quais as negociações salariais do ano passado renderam aos trabalhadores os melhores resultados em 11 anos. A entidade apontou que 96% dos acordos salariais garantiram a reposição da inflação no ano passado, sendo que 86% deles representaram ganhos reais para os trabalhadores.

- Essa é uma grande novidade na política nacional, porque durante 20 anos da minha vida participei dos mais importantes movimentos acontecidos no Brasil, fiz parte dos sindicalistas que fizeram as greves mais importantes na década de 70 e na década de 80. E muitas vezes quando a gente recebia reajuste próximo da inflação, para nós já era um ganho.