Título: Aposta no futuro
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 25/03/2007, O Globo, p. 2

O PFL dá início a um processo de renovação e reconstrução ao adotar o nome Democratas e eleger seu presidente o deputado Rodrigo Maia (RJ). Nos últimos anos, o partido, que teve um papel relevante na democratização do país, apoiando a chapa Tancredo Neves-José Sarney, e na sustentação ao governo Fernando Henrique Cardoso, vem perdendo eleitores e poder político.

O perfil congressual do partido, o não lançamento de candidatos próprios em sucessivas eleições presidenciais, a falta de posição sobre temas contemporâneos e a fluida ligação com a sociedade, levaram o PFL para o atual isolamento. O governo Lula e a crise de identidade que vive o PSDB criaram as condições para a refundação do PFL. Os Democratas partem do princípio de que está se iniciando um novo ciclo na história política do país, no qual será travado um embate entre os defensores da democracia e os do populismo.

- A nossa prioridade será defender a democracia, as liberdades de forma geral e o respeito à diversidade - diz Rodrigo Maia.

O novo partido vai ter um vice-presidente de Direitos Humanos, ter propostas concretas na área do meio ambiente e intervir sem preconceito nos debates culturais e da sexualidade. Esse novo posicionamento já está em andamento. Em novembro, quando era líder do PFL, Rodrigo Maia, pediu urgência para a votação de projeto da então deputada Iara Bernardi (PT-SP), que tipificava como crime o preconceito contra homossexuais. Os Democratas estão fazendo uma flexão, abandonando uma postura conservadora na área de costumes para uma posição de centro e de maior tolerância. Esse movimento busca estabelecer ligações com a sociedade, sobretudo os movimentos organizados e aquelas parcelas da opinião pública mais mobilizadas. É nesse contexto que os Democratas farão uma campanha pela extinção da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF), buscando reforçar laços com o setor empresarial e conquistar as camadas médias da sociedade.

- Para chegarmos ao poder de fato temos que adotar bandeiras políticas que nos vinculem às lutas da sociedade - afirma Maia.

Para garantir a renovação do partido, seu presidente, o senador Jorge Bornhausen (SC), idealizador da refundação do PFL, vai dissolver todos os diretórios regionais e municipais do partido. Para que as novas idéias passem a encarnar o partido, os Democratas vão em busca de novos quadros não só para dirigir o partido mas também para disputar as eleições municipais de 2008. Maia explica que tudo isso se fará sem renegar o passado do PFL. Os Democratas terão um Conselho Político, formado por seus ex-presidentes, ex-governadores, prefeitos de capitais e governadores.