Título: Mais fraco nas urnas, PFL vira Democratas
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 27/03/2007, O país, p. 8

Pefelistas fazem convenção amanhã e, além de mudar nome do partido, devem eleger Rodrigo Maia presidente.

BRASÍLIA. Vinte dois anos depois de sua fundação e lutando para sobreviver à segunda temporada na oposição, o PFL decidiu literalmente mudar de cara. A transformação radical, que vai do nome da legenda ao comando, tem como meta principal a volta ao poder. O objetivo é crescer ao ponto de, já em 2008, lançar candidatos a prefeito nas 200 maiores cidades brasileiras. O PFL, que saiu da última eleição com apenas um governador, sonha em ter candidato próprio à Presidência da República em 2010.

Em convenção nacional, amanhã, o partido vai homologar a mudança de seu nome para Democratas (DEM) e abrir espaço a uma nova geração de políticos, com a eleição do deputado Rodrigo Maia (RJ), de 36 anos, como presidente do partido no lugar do ex-senador Jorge Bornhausen, de 66 anos.

"O momento é de tirar o partido da acomodação"

Na estratégia de construir um nome competitivo para 2010, a reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é considerada fundamental, apoiada ou não pelo PSDB, que já fala em lançar o ex-governador Geraldo Alckmin para o cargo.

- O nosso momento é de semear, ousar, tirar o partido da acomodação, visando ao poder - resumiu Bornhausen.

Em manifesto, os democratas reafirmam o compromisso com a economia de mercado, a livre iniciativa e o combate ao populismo. Bornhausen aproveitou para responder à provocação feita recentemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao declarar que deixaria de ser democrata se o PFL, que veio da Arena e apoiou o regime militar, adotasse a nova denominação.

- O presidente é muito mais populista do que democrata. Por isso tem preconceito em relação aos democratas. Mas é bom que ele não se esqueça que acabou de nomear um ministro que veio da Arena, o deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR). E tem entre seus principais conselheiros o senador José Sarney (PMDB-AP), que também foi da Arena - disse Bornhausen.

O ex-senador minimizou as baixas, registradas especialmente na Câmara, onde pefelistas foram atraídos pelo PR, mas alertou sobre o risco de o escândalo do mensalão se repetir. O PFL elegeu 65 deputados em outubro e está agora com 58. Já o PR passou de 25 para 40 deputados.

- Os cooptados representam uma lipoaspiração. Nos livramos dos que estão no mercado do balcão. É bom lembrar, contudo, que não há indícios, mas evidências nessas cooptações que podem reproduzir o que já foi feito no passado recente.

O DEM já elegeu duas plataformas - direitos humanos e defesa do meio ambiente - e cinco bandeiras de luta: emprego, educação, saúde, segurança e habitação. A intenção é reforçar o novo perfil do partido, que se distanciou de suas antigas bases eleitorais, nos grotões, para se tornar mais urbano.

O partido decidiu nomear 14 vice-presidentes, que comandarão uma ação fiscalizadora em áreas específicas e apresentarão propostas alternativas para problemas do país.

- Eles formarão uma espécie de ministério paralelo - disse Bornhausen, que assumirá a presidência da Fundação Liberdade e Cidadania, que substituirá o Instituto Tancredo Neves.

Rodrigo Maia assumirá a presidência com a missão de reestruturar a legenda, com novos comandos regionais e municipais.

- Sem base nos municípios, não chegaremos a 2010 com condições de disputa pelas eleições majoritárias - disse Maia, que fará amanhã seu discurso de estréia no cargo.

www.oglobo.com.br/pais