Título: Caos aéreo atrasa sessão na Câmara
Autor: Jungblut, Cristiane e Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 27/03/2007, O País, p. 9

Mesmo com baixo quórum, base aliada consegue aprovar medida do PAC

BRASÍLIA. O novo caos nos aeroportos atrasou as votações ontem na Câmara. Muitos parlamentares não conseguiram chegar a Brasília ou só apareceram mais tarde. Mas esse contratempo não impediu que o governo conseguisse aprovar, ontem à noite, a primeira medida provisória que o governo incorporou ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Devido ao atraso dos vôos, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), teve que suspender a sessão ordinária, aberta às 16h, porque só estavam na Casa 190 dos 513 deputados. Ele marcou uma nova sessão para as 18h, que começou com 298 presentes. O quórum mínimo para se abrir uma sessão é de 257 deputados.

A MP 346, aprovada ontem, destina créditos extraordinários, num total de R$452,1 milhões, sendo R$314,4 milhões para a Rede Ferroviária Federal, que está sendo extinta por outra medida do PAC, a MP 353.

Atraso de líder deixa pefelistas sem orientação

Perguntado se os deputados estariam usando o caos para boicotar a sessão, como sugeriram alguns petistas, Chinaglia respondeu:

- Não acho, não. Porque muitos telefonaram preocupados. Se alguém tiver esse tipo de vislumbre, não vai adiantar, porque a sessão vai se estender até mais tarde.

Muitos deputados tiveram problemas para chegar a Brasília. O líder do PFL na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), que saiu de Porto Alegre, demorou oito horas para chegar. A sessão começou antes da chegada Lorenzoni ao plenário. Por isso, os pefelistas não sabiam se manteriam o acordo feito semana passada para suspender a obstrução.

- Estamos esperando o líder chegar, mas ele está preso no caos aéreo - dizia o vice-líder Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), em plenário.

O líder do PSOL, Chico Alencar, disse que só estava no plenário ontem porque passou o fim de semana em Brasília. Mas contou que o colega Fernando Gabeira (PV-RJ) ficara preso no Aeroporto Internacional do Rio. E o líder do PV na Câmara, Marcelo Ortiz (SP), contou que ficou uma hora dentro do avião, esperando pela decolagem.

Na semana passada, a Câmara não teve votação na segunda-feira por falta de quórum e pela obstrução. Ontem, a sessão atrasou, mas a oposição (PFL, PSDB e PPS) desistiu de obstruir, diante da promessa de Chinaglia de entregar hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) a resposta ao pedido de informações sobre a CPI do Apagão Aéreo. Semana passada, a Câmara derrubou em plenário a instalação da CPI.

Votação nominal para "marcar posição"

O PFL cumpriu o acordo, apesar de o futuro presidente da sigla, Rodrigo Maia (RJ), ter defendido a obstrução. A solução foi manter o acordo de não fazer obstrução, mas pedir uma votação nominal para "marcar a posição" dos parlamentares. (Cristiane Jungblut)

INFRAERO CULPA AERONÁUTICA POR CAOS AÉREO, na página 1