Título: Presa quadrilha acusada de crimes financeiros
Autor: Carvalho, Jaílton de
Fonte: O Globo, 28/03/2007, O País, p. 3

Segundo a PF, casas de câmbio funcionavam sem autorização do BC e lavavam dinheiro.

RECIFE. A Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Testamento e desarticulou uma quadrilha que seria especializada em crimes contra o sistema financeiro nacional, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e câmbio ilegal. O grupo atuava em pelo menos seis estados, onde comandava casas de câmbio sem autorização do Banco Central e utilizava lojas de equipamentos de informática para facilitar as transações no exterior, segundo a Polícia Federal. Foram presas 14 pessoas e cumpridos 37 mandados de busca e apreensão em Alagoas, Ceará, Pernambuco, Paraíba, São Paulo e Rio Grande do Norte, onde se concentrou a maior parte das investigações.

A operação foi comandada pela superintendência da Polícia Federal de Natal, contou com reforço da Receita Federal e do Exército e mobilizou 200 agentes federais dos cinco estados envolvidos. De acordo com o delegado Rômulo Berredo, todas as casas investigadas estavam operando sem licença do Banco Central. Seus proprietários tinham também lojas de equipamentos de informática, ou usavam estabelecimentos de terceiros, para justificar operações internacionais de câmbio.

A Polícia Federal informou que os envolvidos no esquema adquiriam computadores e componentes no exterior e não declaravam o produto comprado. As notas fiscais não usadas serviam para justificar operações ilegais com câmbio. O esquema, de acordo com a Polícia Federal, servia à sonegação fiscal. As operações de câmbio envolviam somas vultosas e as contas que seriam remetidas a partir do Brasil eram divididas em várias outras, para driblar a fiscalização.

O dinheiro enviado ao exterior muitas vezes ficava em nome de laranjas em diversos países, o que disfarçava remessas superiores. Só no Rio Grande do Norte, 12 pessoas, suspeitas de serem as cabeças da quadrilha, foram presas. Entre elas estão os doleiros Franklin Amaral Gurgel e André de Oliveira. Outro doleiro, Waldir Marcondes de Moura, foi preso em São Paulo.

Em Recife, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão em propriedades do empresário Marcos Gurgel, que é primo de Franklin. Ele não foi preso, mas está sendo investigado porque a PF suspeita que tenha alguma ligação com os negócios de Franklin. Os agentes vasculharam uma loja de computadores de Marcos, na praia de Boa Viagem, zona sul da capital. Também houve busca no seu apartamento, no bairro de Casa Forte, e ainda no haras que ele possui na cidade de Gravatá, a 80 quilômetros de Recife, onde 15 cavalos foram apreendidos.

Dez empresas estão sendo investigadas

A Polícia Federal informou que dez empresas de câmbio, informática e turismo estão sendo investigadas. São elas: Midas/ BB Travel, Master Informática, Comercial Souto, Mundial Turismo, Action Câmbio, Boa Viagem Câmbio, Marmaris Turismo, Onex Cange, Luch/Natal-Tur Pipa e Luch Natal-Tur Ponta Negra.

Além de Franklin e dos dois doleiros foram presos ontem também: Mônica Patrícia (esposa do doleiro André Oliveira); Ana Karina Gurgel (esposa de Franklin Gurgel); Francisco Paulo da Silva, Maria Romeira Soares Fernandes e Giane Silva (laranjas); Francisco Assis de Araújo (dono de loja de informática); Alan Silva (gerente de Franklin), Francisco Carlos Ferreira (funcionário de André). Em João Pessoa foi preso Victor Hugo Honorato (dono de empresa de informática).