Título: Ex-subsecretário é demitido pela controladoria
Autor: Carvalho, Jaílton de
Fonte: O Globo, 28/03/2007, O País, p. 11

No Ministério do Trabalho, funcionário teria recebido propina.

BRASÍLIA. O ministro-chefe da Controladoria Geral da União, Jorge Hage, demitiu ontem o ex-subsecretário de Planejamento, Orçamento e Gestão do Ministério do Trabalho Manoel de Souza Lima Neto. Sindicância patrimonial da controladoria acusa Lima Neto de usar um pedreiro como laranja para acobertar o recebimento de propina de empresas com contratos de prestação de serviços no Ministério do Trabalho.

Os crimes teriam sido cometidos entre 2001 e 2002, período em que Lima Neto ocupava o segundo cargo mais importante na secretaria de Planejamento do Trabalho. Lima Neto atualmente estava lotado no Ministério do Planejamento. Em 2002, ele chegou a ocupar cargo no conselho fiscal do BNDES.

Pelos dados da controladoria, Lima Neto e a mulher dele receberam ou repassaram a um pedreiro aproximadamente R$1 milhão. Na conta do pedreiro, um humilde morador da cidade de Itaporanga, no interior do Ceará, constam vários depósitos de empresas prestadoras de serviço no Ministério do Trabalho. Entre os depósitos mais expressivos, estão pagamentos feitos pela Voetur. Para os fiscais, a operação triangular tinha como objetivo escamotear repasses das empresas para Lima Neto.

No mesmo período das movimentações financeiras com o laranja, o ex-subsecretário e a mulher dele compraram nada menos que nove apartamentos em Brasília. As construções em algumas áreas da cidade têm, em geral, o metro quadrado mais caro do país.

Em sindicância, Lima Neto tentou se explicar

Durante a sindicância, Lima Neto tentou se explicar, mas não convenceu os investigadores de que era inocente. O ato de demissão do ex-subsecretário foi publicado no Diário Oficial da União, ontem.

- O que interessa à controladoria, mais que a sanção, é o exemplo. Estamos sinalizando que acabou a era da impunidade na administração pública - afirmou Jorge Hage.

O ministro enviou o resultado da sindicância ao Ministério Público. Hage entende que as provas são suficientes para que os procuradores da República ajuízem ações e peçam a punição criminal de Lima Neto. O funcionário demitido não foi encontrado pelo GLOBO para se defender das acusações.

Desde o início do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a controladoria já demitiu mais de 1.100 servidores públicos acusados de enriquecimento ilícito e outros crimes. Mais de 200 sindicâncias ainda estão em curso.