Título: Nos bancos oficiais, presidentes serão mantidos
Autor: Alvarez, Regina e Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 28/03/2007, Economia, p. 26

Objetivo é garantir perfil técnico dos executivos e evitar ingerências políticas nas instituições.

BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia hoje a permanência de Antonio Francisco Lima Neto na presidência do Banco do Brasil e de Maria Fernanda Ramos Coelho no comando da Caixa Econômica Federal. Com isso, o ministro quer enfatizar que os dois grandes bancos subordinados ao Ministério da Fazenda terão uma administração técnica, sem ingerência política dos partidos que formam a base aliada. Esse mesmo critério deve prevalecer na montagem final das diretorias, embora algumas já estejam ocupadas por quadros do PT ou de outros partidos da base, e a pressão desses partidos para ampliar seus espaços permaneça.

O funcionário de carreira Antonio Lima Netto ingressou no BB como menor aprendiz, ocupou cargos em todas as esferas do banco e assumiu a presidência, em caráter interino, por indicação de Rossano Maranhão, que deixou o cargo em novembro. Maria Fernanda também é funcionária de carreira, embora seja filiada ao PT, e assumiu a presidência da Caixa depois da saída de Jorge Mattoso, que deixou o cargo em março de 2006, abalado pelo escândalo da quebra ilegal do sigilo do caseiro Francenildo Costa.

A promessa de manter administrações técnicas no Banco do Brasil e na Caixa durante o segundo mandato foi feita pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda durante a campanha, em visita que fez ao Banco do Brasil. Em conversa com um grupo de funcionários graduados, o então candidato disse: "Não pode haver ação entre amigos nas duas instituições", frisando que erros do passado não se repetiriam.

Lula estava se referindo ao desgaste sofrido por Banco do Brasil e Caixa, a partir do envolvimento de funcionários do alto escalão nos escândalos do mensalão e de quebra do sigilo do caseiro. Henrique Pizzolato, que ocupava a diretoria de Marketing do BB, por exemplo, foi afastado do cargo ainda em 2005, acusado de facilitar o desvio de verbas publicitárias para o esquema do empresário Marcos Valério.

Nos bastidores do governo, a avaliação é que os escândalos causaram grande dano à imagem dos dois bancos e o esforço, no momento, é no sentido de apagar essas marcas.

Mantega também gostaria de manter o perfil dos sete vice-presidentes do BB - todos funcionários de carreira, embora dois sejam filiados ao PT.

Nas áreas dos bancos oficiais, a definição mais aguardada a partir de agora é o comando do BNDES. O ministro Mantega ainda trabalha nos bastidores para manter Demian Fiocca no cargo, embora haja resistência no próprio Palácio do Planalto a essa alternativa. A escolha de Miguel Jorge para o Ministério do Desenvolvimento ampliou as chances de Mantega manter o BNDES sob sua zona de influência.