Título: Lula desagrada à CUT ao dar Trabalho para aliado da Força
Autor: Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 29/03/2007, O País, p. 8

A Força é que vai mandar lá (no Trabalho)", diz o deputado pedetista Paulinho, presidente da Força Sindical.

BRASÍLIA. Com a ida do PDT para o Ministério do Trabalho, muda a correlação de forças entre as duas principais centrais sindicais do país: sai a CUT do ministro Luiz Marinho, que foi deslocado para o Ministério da Previdência, e entra o PDT do deputado Paulo Pereira da Silva, que é presidente da Força Sindical. Setores da CUT e de outras entidades sindicais reagiram à decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de tirar Marinho do Trabalho, substituindo-o pelo presidente do PDT, Carlos Lupi.

Sindicalistas pedem a permanência de Marinho

Um grupo de 20 sindicalistas esteve no Palácio Planalto para pedir a permanência de Marinho no Trabalho e da política que vinha sendo adotada pelo ministério na relação com as centrais sindicais.

Marinho e Lupi se reuniram na noite de terça-feira e acertaram que, como ex-presidente da CUT, o petista iria conversar com os dirigentes da entidade sobre a mudança. O presidente nacional da CUT, Arthur Henrique da Silva Santos, está em viagem ao exterior. Mas o vice-presidente da CUT, Wagner Gomes, ligado ao PCdoB, lamentou a saída de Marinho do Trabalho.

- Não é a CUT que perdeu o comando do Ministério. Marinho contava com o respaldo de todas as centrais. Por isso, a CUT está lamentando a perda dele. É um ministro que tinha uma boa interlocução - disse Wagner Gomes.

Estiveram no Planalto representantes de cinco centrais sindicais: CAT, CGTB, CUT, SDS e CGT, sem a participação da Força Sindical. O encontro foi acertado, ao longo do dia, para as 18h, e não estava previsto na agenda de Lula.

- O presidente sinalizou que queria que o PDT fosse para o Trabalho, mas não houve uma imposição. O Marinho e o Lupi se reuniram e o Marinho disse que Lupi ficava no Trabalho e ele iria para a Previdência - disse Paulo Pereira da Silva.

O deputado reconheceu que o PDT é ligado à Força Sindical, mas disse que não haverá "aparelhamento" do Ministério do Trabalho.

- Não é a Força que está assumindo. É o PDT. A Força tem muitos dirigentes ligados ao PDT, mas isso não significa que vamos aparelhar o ministério - disse Paulinho à noite.

Mais cedo, porém, entusiasmado, dissera:

- A Força é que vai mandar lá (no Trabalho), mas como ele ( Marinho) vai mandar em cima (na Previdência), vamos continuar nos dando bem.

Nos últimos tempos, Paulo Pereira da Silva mantinha contato permanente com Marinho, principalmente para negociar mudanças na MP 349, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que cria o Fundo de Investimentos em Infra-Estrutura com recursos do FGTS. Paulinho liderou as críticas à proposta e forçou o governo a garantir uma remuneração mínima aos trabalhadores, caso o novo Fundo não dê certo.

CUT chegou a divulgar nota em site, mas depois tirou

A CUT, em sua página oficial, chegou divulgar nota em que elogiava a gestão de Marinho e pedia a "manutenção dessa linha". À noite, a nota não estava mais no site. A nota dizia que, por acreditar nesse projeto e nesse governo, a central sabia "da importância do Ministério do Trabalho e do ministro Luiz Marinho para uma atuação equilibrada entre capital e trabalho e na manutenção de um diálogo aberto com os movimentos sociais".