Título: Consumo do governo, pelas novas contas, dobrou nos últimos 5 anos.
Autor: Novo, Aguinaldo e Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 29/03/2007, Economia, p. 25

Aumento da massa salarial e do crédito também ampliou a demanda.

O consumo tanto das famílias como do governo foi o principal fator de impulso para a alta de 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB, produção de bens e serviços) em 2006. Mas o tamanho maior da economia detectado pelo IBGE é resultado, sobretudo, do maior consumo do governo nos últimos anos. Segundo Armando Castelar, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2001 a 2006, esse consumo teve crescimento médio anual de 3%, acima de duas vezes o captado pela apuração anterior, que usava o crescimento populacional para estimar a expansão da demanda do governo. A variação se limitava a 1,3% por ano:

¿ A variação média anual do PIB de 2001 a 2006 subiu de 2,3% para 2,9%. E 60% dessa alta vieram do consumo do governo, que está sendo efetivamente medido agora. Isso é coerente com o que vemos, que é o aumento dos gastos públicos.

Em 2006, a expansão dos gastos foi maior: alta de 3,6%, contra 1,9% de 2005, já considerando as novas medições.

¿ Esse aumento em 2006 pode refletir o ano eleitoral, quando os gastos costumam subir ¿ disse Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE.

Considerando o aspecto da oferta, Castelar explica a alta no desempenho da economia pela administração pública (alta de 3,1%, frente aos 2,1% captados anteriormente), impostos (avanço de 5,2% contra os 4,4% de antes) e aluguéis (4,3% contra 2,2%).

Oferta de crédito aumenta 29,9% para a pessoa física

Já a alta de 4,2% no consumo das famílias é efeito direto do crédito farto (alta de 29,9% para a pessoa física e de 19,9% para a jurídica), da elevação de 5,6% da massa salarial e da inflação controlada, dizem especialistas.

¿ As intermediações financeiras cresceram, como apontou o IBGE. E as lojas estão fazendo prestações em 12 vezes. O crédito está sustentado e há uma demanda reprimida e um desejo de consumir ¿ disse o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.

O economista João Gomes, da Fecomércio-RJ, lembra que os consumidores ainda não estão no limite do endividamento e, por isso, há espaço para mais oferta de financiamento.

¿ O crédito deve impulsionar a economia em 2007.

O empresário Ariel Alexandre é um exemplo de quem consumiu mais graças à oferta maior de crédito. No ano passado, ele adquiriu um laptop, de R$4.100, iPod e barbeador elétrico, entre outros itens. Sem falar em roupas que parcelou em até quatro meses.

¿ O parcelamento das lojas me permite comprar mais coisas e ficar mais tranqüilo ¿ disse ele, que também paga o financiamento de seu carro.

Mas a inadimplência já preocupa. Entre as empresas, o índice cresceu 8,2% no primeiro bimestre do ano em relação ao mesmo período de 2006, segundo a Serasa.

CARGA TRIBUTÁRIA SUPEROU 35% DO PIB, na página 26