Título: Governo reduzirá meta de superávit
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 29/03/2007, Economia, p. 26

Relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB caiu para 44,5%.

BRASÍLIA. Com os novos números do PIB, o governo reduzirá sua meta de superávit primário, que representa a economia feita para pagamento de juros. Atualmente ela está em 4,25% do PIB. A decisão final será tomada hoje, em reunião da Junta Orçamentária (formada pelos ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Casa Civil), que definirá instrumentos a serem adotados. Um dos motivos para que se afrouxe o esforço fiscal é a melhoria da relação entre a dívida e o PIB com a nova série histórica divulgada pelo IBGE. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o indicador chegará a 2010 em 35%, abaixo da estimativa anterior de 40%:

¿ O novo número do PIB mostra que o Brasil hoje é um país menos endividado.

A participação da dívida líquida do setor público no PIB caiu em 2006. Segundo o economista Armando Castelar, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa está em 44,5%, abaixo dos 46,5% de 2005, considerando o novo tamanho da economia brasileira.

O ministro disse ainda que o déficit nominal (todas as receitas menos despesas do governo, com pagamento de juros) zero será antecipado. Ele deve ser alcançado antes de 2010, mas não precisou quando.

Sobre superávit primário, o cenário é mais complicado. Com o PIB maior, fica praticamente impossível cumprir a atual meta, de 4,25%, mesmo com a possibilidade de usar o Projeto Piloto de Investimento (PPI), que poderia reduzi-la para 3,75% do PIB. Mantega adiantou que a meta nominal de superávit, estabelecida em R$91 bilhões, será mantida. Também não mexerá nas estimativas de arrecadação e nos recursos do PPI, de R$24 bilhões ao todo para este ano, mas reconheceu que esse volume não representará mais 0,5 ponto percentual para descontar na meta de superávit. Deve ficar em 0,45 ponto.

¿ Vamos decidir o que fazer amanhã (hoje). Mas não implicará mudança da política fiscal. Não é porque a dívida é menor que vamos gastar mais.

Mantega mantém projeção de expansão de 4,5%

Em 2006, com o novo PIB, o superávit primário ficou em 3,88%, abaixo dos 4,32% antes divulgados e da meta de 4,25%. Para Mantega, o novo quadro pode se repetir este ano. E o ministro não mudou sua previsão para este ano, de expansão de 4,5% da economia.

O diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita, foi lacônico ao comentar o percentual revisto de crescimento:

¿ Um número que mostra economia crescendo mais é sempre positivo.

COLABORARAM Cássia Almeida e Martha Beck