Título: 'Previdência vai ser consertada'
Autor: Damé, Luiza e Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 30/03/2007, O País, p. 3

Na posse de ministros, Lula afirma que será necessária reforma para futuras gerações.

No discurso de posse de cinco novos ministros - Carlos Lupi (Trabalho), Miguel Jorge (Desenvolvimento), Franklin Martins (Comunicação Social), Alfredo Nascimento (Transportes) e Luiz Marinho (Previdência) -, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sinais claros de que será necessária uma nova reforma previdenciária, mexendo nas regras do setor privado. Ao explicar por que o pedetista Lupi foi para o Trabalho e não para a Previdência, como cogitara inicialmente, Lula disse que não poderia pôr no comando da pasta um partido contrário a mudanças no sistema previdenciário.

Para Lula, a missão de Marinho será consertar a Previdência e provar que o sistema tem solução, sem jogar o déficit na conta dos pobres.

- Eu conheço o pensamento do PDT. Era muito complicado colocar um companheiro para fazer uma determinada política na Previdência, que você sabe que para o seu partido é quase uma questão de fé. Certamente ele teria dificuldades em alguns temas que vamos ter que discutir na Previdência, para futuras gerações - justificou Lula.

O presidente disse que a reforma que será feita na Previdência não será uma proposta do governo, mas dos que contribuem e dos que recebem benefícios. O governo criou o Fórum da Previdência, integrado por representantes do Executivo, dos trabalhadores, dos aposentados e dos patrões, para formular uma sugestão de reforma.

- Para que a gente possa permitir que a sociedade brasileira, daqui a uma geração nova, duas gerações, tenha um sistema de seguridade social mais condizente com as necessidades dos nossos trabalhadores - afirmou Lula.

Para Lula, déficit é do Tesouro Nacional

Ao novo ministro da Previdência, Luiz Marinho, o presidente lançou um desafio: mudar o setor.

- Se ele imprimir no Ministério da Previdência o mesmo ritmo de trabalho e de seriedade que ele imprimiu no Sindicato de São Bernardo do Campo, na CUT, no esforço para se formar em direito, e no trabalho digno que fez no Ministério do Trabalho, quero avisar a todos aqueles que acham que a Previdência é insolúvel, que ela vai ser consertada sem que a gente jogue no colo dos pobres a responsabilidade pelo déficit da Previdência Social neste país - disse Lula.

Entre as propostas em discussão para aprimorar o sistema previdenciário está a fixação de idade mínima para aposentadoria dos trabalhadores da iniciativa privada. Especialistas na área defendem ainda a desvinculação dos benefícios previdenciários do salário mínimo, mas a tese enfrenta resistência no governo.

Lula insistiu em que o déficit não é da Previdência, mas do Tesouro Nacional, e é resultado da política social estabelecida na Constituição de 1988, quando foi criada a aposentadoria rural e os benefícios para idosos e portadores de deficiência.

Para Lula, a aposentadoria é um direito do trabalhador rural, mesmo quando os empregadores não contribuíam com a sua parte. Os benefícios sociais, disse, representam um compromisso da sociedade com as pessoas que não podem trabalhar.

- É um déficit do Tesouro e não da Previdência. Mas, se é do Tesouro, também é nosso. Então, não poderemos achar: bom, não é meu, é do Guido Mantega (ministro da Fazenda). Não, é nosso, é do Brasil. Portanto, temos que cuidar disso com um carinho especial.

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