Título: Planalto usará tropa de choque na CPI do Apagão
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 31/03/2007, O País, p. 12

Governo tenta limitar investigações e aliado de Marta e Dirceu pode ser o relator; oposição também arma estratégia

BRASÍLIA. A oposição e o governo estão se armando para a guerra em torno da possível instalação da CPI do Apagão Aéreo, na Câmara, antes mesmo de ela ser ratificada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, o que deverá acontecer no fim de abril. Como o PT e aliados já decidiram que vão pôr na CPI uma tropa de choque para defender o governo, os líderes da oposição estão escalando os seus deputados mais aguerridos para enfrentar a força governista, que demonstrou ter maioria sólida.

A oposição quer repetir a atuação que teve na CPI dos Correios, em 2005, quando o governo Lula enfrentou a mais grave crise política por causa do escândalo do mensalão. Do outro lado, os petistas e aliados já pensam em nomes. Entre os cotados para assumir a relatoria da CPI, está o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que, embora sendo de primeiro mandato, é um radical defensor do governo. Vaccarezza (SP) é do grupo da ministra Marta Suplicy e amigo do ex-ministro José Dirceu.

A decisão de neutralizar a oposição tem o aval do Planalto. Os governistas receberam do ministro Walfrido dos Mares Guia um recado para que não se repita a crise política de 2005, quando foram instaladas três CPIs para investigar o mensalão, corrupção nos Correios e irregularidades em bingos.

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse ontem que não acredita que a oposição vá criar dificuldades nas votações em função das divergências em torno da instalação ou não da CPI. Alguns líderes oposicionistas não concordaram com a interpretação de Chinaglia de que a decisão do ministro do Supremo Celso de Mello estabelece que a CPI só poderá ser instalada após decisão do plenário do Supremo:

- O próprio Celso de Mello, ao determinar o desarquivamento, disse que é preciso aguardar o Supremo. Não vejo motivos para obstruir - disse Chinaglia.

COLABOROU Isabel Braga