Título: Passageiros enfrentam dia de espera e confusão
Autor: Doca, Geralda e Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 31/03/2007, Economia, p. 29

Em Congonhas, comerciante ficou três horas dentro do avião, mas decolagem foi cancelada

No aeroporto Tom Jobim, homem quebra computador, agride supervisora da loja da BRA e depois foge de táxi

Ana Cecília Santos, Martha Beck, Aguinaldo Novo e Lino Rodrigues

RIO, BRASÍLIA e SÃO PAULO. Filas gigantescas, falta de informação e muito tumulto irritaram os passageiros no aeroporto internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Por volta de 23h, um passageiro quebrou um computador na loja da BRA, agrediu a supervisora Margareth Soares e depois fugiu de táxi.

- As companhias tentam fazer de tudo mas não depende de nós. As pessoas devem ter paciência e ver que foi um caos nacional. Ele me agrediu, mas não tinha nenhum segurança aqui para ajudar - reclamou Margareth.

Os atores Manuela do Monte e Sidney Sampaio iam embarcar para o Piauí, para participar da encenação da Paixão de Cristo. Mas desistiram, por temerem ficar presos e não conseguirem retornar para cumprir os compromissos na Rede Globo:

- Está mais do que na hora de resolver esse problema. Por conta disso, posso ter que dar um bolo no cliente - diz Sidney, que conseguiu remarcar a passagem para hoje.

Luciana Ferraz, grávida de cinco meses e com o filho Mauro de três anos, ia para Brasília. Ela entrou no avião da Gol às 19h e soube que não havia previsão de decolagem. Depois de uma hora, os passageiros tiveram que desembarcar.

- Estava indo para o aniversário de 80 anos da minha avó. Meu marido está em Congonhas e também preso no aeroporto - disse.

No Aeroporto de Brasília, a situação era caótica quando a Infraero informou que todas as decolagens estavam suspensas. Após o anúncio, um grupo de passageiros iniciou um protesto em frente ao escritório da Infraero que, por pouco, não terminou em quebra-quebra. A Polícia Militar foi chamada para conter os ânimos.

Muito nervoso, o empresário Éder Viana, que deveria embarcar para o Rio, às 17h, pichou com batom as expressões "Chega!" e "Fora Lula!" nas paredes de vidro que delimitam a entrada da sala de embarque.

- Por favor, reajam, sejam cidadãos. Pago meus impostos, sou cidadão. Não sejam vaquinhas de presépio - gritou ele, conclamando os demais passageiros a aderir ao protesto.

No Aeroporto de Congonhas, centenas de passageiros se aglomeravam em frente aos balcões de check-in à noite tentando obter informações sobre seus vôos. A dona de casa Merces Moreira Amann tentava embarcar com o marido e duas crianças para Belo Horizonte (MG). Com passagens marcadas para as 20h20m, ela acabou desistindo e voltou a casa para pegar o carro e seguir até Belo Horizonte:

- Tenho pena de quem não tem essa alternativa.

A comerciante Caroline Sampaio foi outra vítima do caos. Ela chegou a embarcar após as 17h para Brasília, onde mora. Teve de passar três horas dentro do avião, até que o comandante anunciasse a suspensão da partida.

- Com que segurança vou voar agora se a própria tripulação informou que tinham controladores presos? Eles não informam nada - reclamou.