Título: Gol diz que divulgou fato relevante na hora devida
Autor: Doca, Geralda e Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 31/03/2007, Economia, p. 29

Em comunicado à CVM, executivo afirma que empresa não podia informar acordo incompleto

SÃO PAULO. Sob suspeita de ter sonegado informações à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Gol, Richard Lark, enviou ontem ao órgão regulador comunicado justificando sua conduta nos dias que precederam a compra da Nova Varig. Segundo Lark, apesar dos intensos rumores, a operação não estava consumada e, por isso, não havia fato relevante a ser divulgado.

A compra foi informada pela Gol na quarta-feira, logo após o fechamento da Bovespa - quando as ações da empresa dispararam -, enquanto seus donos se encontravam com o presidente Lula. Naquele dia, a CVM pedira novamente explicações à Gol, durante o pregão.

"Restava à Gol apenas a alternativa de fazer a divulgação incompleta de acordos ainda em negociação, o que inevitavelmente causaria uma instabilidade prejudicial aos mercados", justifica Lark no comunicado. Por isso, disse, na terça, a empresa só informara que investigava e considerava aquisições.

Na quinta, a CVM disse que houve desrespeito de Lark às suas instruções, que obrigam envolvidos em transações a divulgarem fatos relevantes quando as informações sobre o negócio fogem de controle. Lark argumenta que não poderia antecipar "eventos específicos futuros e ainda necessariamente incertos". E diz que a empresa divulgou fato relevante quando decidiu fechar o negócio.

Lark pondera ainda que até o dia 28, quando a Gol formalizou a compra, "as oscilações do preço das ações de emissão da Gol não indicavam qualquer vazamento de informações".

O presidente da OceanAir, Carlos Ebner, disse ontem que a companhia quer disputar as rotas internacionais da Varig que estão fora de uso e cuja validade expira em 14 de junho. Segundo ele, a empresa não concordará com a prorrogação das concessões internacionais pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac): a Gol dissera que pediria à Anac prazo maior para reiniciar essas operações.