Título: UE exige libertação de militares
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Fonte: O Globo, 31/03/2007, O Mundo, p. 38

Bloco dá apoio incondicional ao Reino Unido, e Irã mostra imagens de preso pedindo desculpas.

TEERÃ, LONDRES e BREMEN, Alemanha

AUnião Européia declarou ontem ¿apoio incondicional¿ ao Reino Unido e ameaçou Teerã de tomar ¿medidas apropriadas¿ caso os 15 militares britânicos, capturados e mantidos presos pelo Irã desde o dia 23, não sejam libertados. Ontem o país repetiu a prática, que vem sendo condenada pela comunidade internacional, de exibir imagens e mensagens de prisioneiros.

Na reunião de ministros do Exterior dos países da União Européia, em Bremen, na Alemanha, os 27 membros cerraram fileiras em torno do governo do premier Tony Blair, dizendo que deploram a ação iraniana e que ¿todas as evidências apontam claramente que os marinheiros britânicos estavam numa missão rotineira de patrulha em águas iraquianas¿.

¿ Os líderes do Irã devem compreender que este não é um assunto bilateral entre eles e o Reino Unido ¿ disse ontem, ao fim da reunião, o principal diplomata da UE, Javier Solana. ¿ O que acontece com qualquer cidadão da UE ocorre com toda a União.

Na nota, a UE exige a ¿imediata e incondicional libertação¿ dos 15 reféns. Londres não pediu que os membros do bloco congelassem suas relações diplomáticas com Teerã, no que foi interpretado como uma tentativa de manter espaço para negociação.

A UE não definiu quais seriam as ¿medidas apropriadas¿ caso o irã se recuse a libertar os reféns ¿num futuro próximo¿, mas já marcou uma reunião para daqui a duas semanas para analisar a crise caso ela se arraste até lá.

Solana, que tentará entrar em contato com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ¿nas próximas horas¿, disse que é preciso entender que a UE ¿não é só uma área de livre comércio, mas um bloco político¿. Especialistas afirmaram que a ação unificada da UE não é só uma pressão sobre o Irã, mas também um recado para o Reino Unido, um dos países que historicamente são mais reticentes em relação à sua participação na União.

Fuzileiro naval pede desculpas na TV por violação de fronteira

Horas antes da reunião da UE, o Irã exibiu novas imagens de três militares prisioneiros, em mais uma ofensiva na guerra de propaganda. Um deles, o fuzileiro naval Nathan Summers, foi mostrado pedindo desculpas:

¿ Violamos as águas iranianas sem permissão. Peço desculpas por ter entrado em suas águas.

Uma terceira carta da marinheira Faye Turney foi mostrada ontem. Ela escreve que foi enviada para o Iraque e ¿sacrificada para apoiar as políticas intervencionistas de Bush e Blair¿.

Tony Blair reagiu:

¿ Não sei por que o regime iraniano continua fazendo isso. Tudo o que faz é aumentar a repugnância que as pessoas estão sentindo por prisioneiros estarem servindo como uma forma de demonstração manipulada. Isso não engana ninguém.

Ontem, Ahmadinejad disse ao premier da Turquia, Tayyip Erdogan ¿ que tenta mediar a crise ¿, que Londres deve pedir desculpas.

¿ Nos últimos anos, forças britânicas violaram a lei internacional e cruzaram a fronteira iraniana.

Porém, uma carta diplomática enviada por Teerã a Londres solicita apenas garantias de que ¿invasões¿ não voltem a acontecer, sem exigir um pedido de desculpas. O governo britânico considerou que os termos da carta tornam inviável qualquer negociação.

A reação da UE ocorreu um dia após o Conselho de Segurança ter divulgado uma declaração suave, na qual diz estar ¿gravemente preocupado¿ com a crise. A Rússia bloqueou um texto mais duro. Ontem, Moscou pediu que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, crie uma equipe independente para investigar o caso.

¿Como o Reino Unido insiste no fato de que os militares realizavam missão do Conselho, estimamos que a secretaria-geral da ONU deveria preparar um informe independente sobre o caso¿, diz uma nota russa.

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