Título: Algumas mães me oferecem as filhas¿
Autor: Lichote, Leonardo
Fonte: O Globo, 01/04/2007, Segundo Caderno, p. 1

Aos 16 anos, Caio Mesquita é o que se costuma chamar de fenômeno. Tocando música instrumental, sem uma execução massiva nas rádios e sem passar por programas líderes de audiência, fez de ¿Jovem brazilidade¿ o segundo CD mais vendido de 2006. Com topete arrepiado e camisa desabotoada na capa do disco, ele atribui parte do sucesso à sua pose de galã juvenil: ¿Elas acabam prestando atenção no meu trabalho.¿

Você é o primeiro artista de música instrumental a figurar na lista da ABPD desde 2000, quando ela começou a ser divulgada. A que você atribui seu sucesso, mesmo num gênero difícil?

CAIO MESQUITA: Vi o fato de tocar música instrumental como um diferencial, não uma dificuldade. O mercado queria alguém fazendo algo como eu faço. E teve a divulgação. Nas rádios é mais complicado tocarem meu estilo de música, mas na TV foi muito bom, sobretudo no programa do Raul Gil. Também fui a outros, como ¿Hebe¿ e ¿Show do Tom¿.

Nenhum na Globo?

MESQUITA: Não, mas agora acho que isso vai melhorar. Vou participar de um CD de um ator da Globo. Aí, sim, devo ir para o ¿Faustão¿.

Em que artistas você se espelha?

MESQUITA: Kenny G, em primeiro lugar. Gosto do trabalho de César Camargo Mariano, Leo Gandelman e Milton Guedes. Mas ouço também outras coisas, desde Tom Jobim e Altamiro Carrilho até Charlie Brown Jr., passando por Charlie Parker, Stan Getz, Jorge Vercilo e Pink Floyd. Sou bem eclético.

Como começou a tocar?

MESQUITA: Aos 5 anos, comecei a ter aulas de piano com minha tia. Aos 11, ouvi um instrumento diferente na introdução e no solo de ¿Pense em mim¿, do Leandro e Leonardo. Adorei aquele timbre. Meu professor de piano na época tocava também sax e repetiu para mim aquela parte da música. Na hora, falei: ¿É isso, esse é o instrumento que eu quero¿. Dois meses depois, já estava me apresentando.

E o ¿Programa Raul Gil¿?

MESQUITA: Estava tocando numa quermesse em Santos, e uma caloura do programa me viu e me chamou para acompanhá-la em sua apresentação. Toquei com ela algumas vezes até que tive a oportunidade de me apresentar sozinho. Aceitei sem medo. Nunca fui de ficar nervoso. Não deixo as coisas para a última hora. Sempre entro no palco sabendo o que fazer.

Ivan Lins participa de seus recém-lançados CD e DVD ¿Caio Mesquita ao vivo¿. Como foi o encontro?

MESQUITA: Ele foi homenageado num quadro do programa em que eu toquei ¿Somos todos iguais esta noite¿ e ¿Dinorah, Dinorah¿. Me elogiou muito, conversamos depois e combinamos de fazer algo juntos.

Qual é o seu público?

MESQUITA: Ele vai desde senhoras de 70 anos até crianças de 5. Acredito que é porque a música que faço é universal, não tem uma letra com um assunto fechado. É uma melodia, apenas, que toca as pessoas. Meu público também tem meninas da minha idade, claro. Muitas me pedem em casamento e algumas mães me oferecem as filhas para casar. Mas eu gosto, essa aproximação até ajuda porque, no fim, elas acabam prestando atenção também no meu trabalho.