Título: CDs antigos têm força entre os mais vendidos
Autor: Lichote, Leonardo
Fonte: O Globo, 01/04/2007, Segundo Caderno, p. 1

Discos de artistas como Skank e Ana Carolina, lançados entre 2001 e 2003, aparecem na lista da ABPD.

A entrada no ranking de CDs como ¿Estampado¿, de Ana Carolina, ¿Acústico MTV¿, de Kid Abelha, e dois ¿Ao vivo MTV¿, de Jota Quest e Skank, também pode causar surpresa. Afinal, eles foram lançados entre 2001 e 2003. Falando dos discos da Sony BMG, Schiavo explica o movimento de mercado que leva CDs de catálogo a vendas tão expressivas.

¿ Há uma impressão errada de que os discos estão mais caros, mas hoje eles são vendidos cerca de 15% mais baratos que há dois anos ¿ garante. ¿ Quando o artista lança CD novo, o preço de seu disco anterior cai. CDs de catálogo chegam, portanto, a R$9,90, podendo concorrer com a pirataria e, conseqüentemente, aumentar suas vendas.

Consumidores de música se concentram nas classes B e C

A disparidade entre a lista dos CDs e a das rádios aparece também com artistas internacionais. As duas músicas mais tocadas de 2006 foram as baladas ¿Because of you¿, da americana Kelly Clarkson, e ¿You¿re beautiful¿, do inglês James Blunt. Nenhum dos dois cantores está entre os mais vendidos. Ambas as canções, porém, estão na trilha internacional da telenovela ¿Belíssima¿, 11ª do ranking. O outro CD de música estrangeira ¿ além dos três do fenômeno mexicano Rebelde ¿ que entra na parada dominada por nacionais é a trilha internacional de ¿Páginas da vida¿, que traz outras das músicas mais executadas do ano.

A pirataria física (das banquinhas de CDs) e digital (dos downloads a partir de programas como Kazaa e Soulseek) tem alterado ano após ano o perfil do público consumidor de produtos originais, o que se reflete na lista. Segundo a pesquisa mais recente encomendada pela ABPD, sobre o ano de 2005, as classes B e C são as maiores consumidoras (83%) e a classe A, a menor (7%). A idade de 77% do mercado legal está entre 15 e 44 anos.

A mesma pesquisa mostra a diminuição da pirataria, de 52% do mercado em 2004 para 40% em 2005. Schiavo, porém, acredita que a relação entre os mercados formal e informal é complexa.

¿ O aumento da apreensão de CDs piratas não implicou em aumento de vendas, não há uma relação direta ¿ diz. ¿ O mercado legal de música digital ainda é muito pequeno no Brasil. Mas apostamos no crescimento para o celular. Ele está na mão, sempre acessível, você tem a agilidade de ouvir uma música no rádio e comprá-la no minuto seguinte.

O celular, porém, não traz em si necessariamente uma solução contra a pirataria.

¿ Tem que haver uma mudança de mentalidade dos consumidores também ¿ acrescenta. ¿ Para incentivar, podemos fazer promoções ligadas à compra, como desconto no show do artista.

Esperemos para ver que surpresas nos reservam as quermesses de 2007, 2008...