Título: Lula vai cobrar 'fatura' dos novos ministros
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 02/04/2007, O País, p. 4

Na primeira reunião com sua nova equipe, ele vai exigir empenho para governabilidade

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar a primeira reunião ministerial com a nova equipe para cobrar empenho políticos dos ministros a favor da governabilidade. De acordo com assessores do governo, será uma forma direta de Lula exigir a fatura da reforma ministerial. O governo não quer ter novos problemas no Congresso, e os ministros e seus partidos terão essa responsabilidade.

Na avaliação do Planalto, o presidente vai querer o empenho do primeiro escalão em favor do governo tanto para aprovação de medidas, como a do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), mas principalmente para controlar ações que tentem desestabilizar sua gestão, como a criação de CPIs.

No encontro que vai acontecer hoje pela manhã, no Palácio do Planalto, Lula vai deixar claro que fez um grande esforço para incluir dez partidos na coalizão. Além do PT, estão entre a legendas com maior número de parlamentares o PMDB, o PP, o PR, o PSB, o PDT, o PTB e o PCdoB. Juntos, esses partidos somam cerca de 350 deputados.

Segundo um ministro, Lula tem dito que o motivo de ter ampliado a base de apoio no Congresso foi sua própria experiência do primeiro mandato. Por isso, o presidente tem falado reservadamente que não vai admitir que o surgimento de CPIs, como a dos Correios e dos Bingos, criadas em 2005, paralise sua administração. Na ocasião, o governo enfrentou a sua mais grave crise.

- Hoje, o governo tem uma base sólida no Congresso, o que vai permitir uma governabilidade tranqüila - aposta o líder do governo na Câmara, deputado José Múcio Monteiro (PTB-PE), que participa hoje da reunião.

Lula deve explicitar para seus ministros, principalmente os novos, que eles têm responsabilidade técnica e também política. Isso porque, a maior parte dos novos ministros são indicações partidárias, como os peemedebistas Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Reinhold Stephanes (Agricultura).

A reunião ministerial foi esvaziada por causa da crise aérea. Inicialmente, esse primeiro encontro com a nova equipe iria durar todo o dia e poderia ser na Granja do Torto. Mas durante o fim de semana, os ministros foram informados que a reunião tinha sido reduzida. Lula refez a agenda para reservar a tarde para discutir a crise e fechar a medida provisória que vai estabelecer a desmilitarização do controle aéreo brasileiro.

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