Título: Kirchner congela cooperação com o governo britânico
Autor: Liotti, Jorge
Fonte: O Globo, 02/04/2007, O Mundo, p. 20

Buenos Aires endurece no exato momento em que início da Guerra das Malvinas completa 25 anos

BUENOS AIRES. Vinte e cinco anos após o início da Guerra das Malvinas entre Argentina e Reino Unido, a relação entre os dois países volta a ficar abalada. O governo argentino suspendeu na última quarta-feira um acordo de cooperação com Londres para a exploração de petróleo nas Ilhas Malvinas.

O chefe de Gabinete do presidente Néstor Kirchner, Alberto Fernandez, disse que a medida era para reafirmar o poder pleno de seu país na região. Os dois países retomaram relações diplomáticas em 1990 e o acordo de cooperação foi assinado em 1995.

- As Malvinas são argentinas e, portanto, temos que preservar nossa soberania e dizer claramente que a única que tem direitos sobre essas ilhas é a Argentina - disse Fernandez.

Do outro lado, o governo britânico achou a decisão "lamentável" e afirmou que isso em nada ajudará o pleito argentino. "O Reino Unido acredita que os habitantes das Falklands têm direto à autodeterminação e não negociará a soberania a menos, e até que, os ilhéus peçam isso", diz o texto enviado à Casa Rosada.

A Argentina ainda não sarou suas feridas da guerra. Em 1982, o país era governado pela ditadura militar, com uma política de patriotismo extremo.

A Guerra das Malvinas era, assim, conveniente para o governo, que não mediu bem a força bélica e política dos britânicos. Com o apoio da população, 14 mil jovens deixaram os quartéis entusiasmados e partiram para o conflito com o ideal de defender a pátria. Chegando lá, a realidade ficou muito distante do sonho. Sem armas suficientes nem modernas e sequer roupa para agüentar o frio de 20 graus Celsius negativos, os soldados tiveram pouca chance de combate.

Com 1.068 argentinos mortos contra 777 britânicos, eles voltaram para casa derrotados após 76 dias, sem festa. As Malvinas ficaram sob o controle britânico. Desde então, a questão das Malvinas nunca deixou de ser falada no país e os argentinos continuam afirmando que são donos do território.