Título: Chinaglia rejeita pedidos da oposição para instalar a CPI do Apagão Aéreo
Autor: Jungblut, Cristiane e Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 03/04/2007, O País, p. 9

Presidente da Câmara diz que vai esperar decisão final do STF sobre o caso.

BRASÍLIA. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), rejeitou ontem apelos da oposição para instalar imediatamente a CPI do Apagão Aéreo e anunciou que aguardará decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF). Mesmo após o caos nos aeroportos, sexta-feira, o plenário do Supremo só vai decidir sobre a CPI no fim do mês.

O relator do caso, ministro Celso de Mello, disse ontem que, apesar de a crise no setor ter aumentado nos últimos dias, há trâmites burocráticos que precisam ser cumpridos antes do julgamento pelo colegiado, sinalizando que a polêmica não pode ser resolvida de imediato. Os líderes de oposição querem se reunir hoje com o presidente em exercício do STF, ministro Gilmar Mendes.

Diante da recusa de Chinaglia, a oposição se dividiu na reação: os Democratas (DEM, ex-PFL) decidiram obstruir as votações até a instalação da CPI, enquanto PSDB e o PPS disseram que não farão obstrução. Na reunião com Chinaglia, à tarde, os líderes da oposição propuseram acordo político: pediriam a retirada do Supremo do mandado de segurança em favor da CPI ; em troca, ele a instalaria imediatamente.

Chinaglia reiterou que o STF não decidiu sobre o assunto e que qualquer mudança precisaria de aval da bancada do governo na Casa. A base rejeitou o acordo. Chinaglia disse que o governo deve agir, independentemente de ter CPI ou não:

- Os episódios de sexta-feira focaram, sobremaneira, o papel dos controladores na crise. Esperar todo o trâmite de uma CPI para resolver um problema agudizado como esse seria imprudente.

O líder do governo, José Múcio Monteiro (PTB-PE), disse não haver mais razão para se instalar a CPI, já que os controladores mostraram que são a razão do caos do sistema aéreo.

- Esse não é o momento de botar fogo no circo - argumentou o vice-líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS).

Já a oposição afirmou que o caos de sexta-feira reforça a necessidade de instalação da CPI.

- A crise foi longe demais - disse o líder do DEM, Onyx Lorenzoni (RS).