Título: Coaf também vigiará finanças de autoridades
Autor: Carvalho, Jaílton de
Fonte: O Globo, 03/04/2007, O País, p. 10

Órgão determina que imobiliárias, administradoras de cartão e bingos monitorem transações de pessoas públicas

BRASÍLIA. As investigações sobre movimentações financeiras de autoridades que ocupam cargos estratégicos na administração pública, as chamadas pessoas politicamente expostas (Peps, na sigla em inglês), devem ser ainda mais abrangentes que as regras estabelecidas pelo Banco Central no fim de 2006.

Também com o objetivo de restringir o uso do dinheiro da corrupção, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) baixou resolução terça-feira passada determinando que imobiliárias, administradoras de cartão de crédito e bingos, entre outras empresas, monitorem transações de autoridades.

Pelos cálculos da Controladoria Geral da União, pelo menos 14.500 autoridades deverão estar sob investigação permanente, como divulgou O GLOBO domingo. Entre as autoridades expostas estão o presidente e o vice-presidente da República, ministros de Estado, governadores, prefeitos de capitais, ministros dos tribunais superiores e assessores do alto escalão federal. A circular baixada pelo BC no fim do ano passado obriga os bancos a fazer monitoramento e até a investigar a origem de recursos expressivos movimentados por autoridades expostas.

A resolução do Coaf, que entra em vigor em 3 de setembro, estende a obrigação a operadoras de cartão de crédito, imobiliárias, loterias e bingos, entre outras empresas de setores procurados para lavagem de dinheiro da corrupção e do narcotráfico. A exemplo dos bancos, essas empresas deverão "identificar a origem dos recursos das operações pessoais e beneficiários efetivos identificados como pessoas politicamente expostas, podendo ser considerada a compatibilidade das operações com o patrimônio constante dos cadastros respectivos".

- A base de todo o sistema é "conheça o seu cliente". No caso das Peps, esse acompanhamento tem que ser mais cuidadoso - afirma o presidente do Coaf, Antônio Gustavo Rodrigues.

A partir das regras, a imobiliária que vender um imóvel a um político ou alto funcionário do governo deve, se considerar necessário, apurar a origem do dinheiro e, se encontrar indícios de irregularidades, repassar as informações ao Coaf.