Título: Na Argentina, controle é realizado por civis
Autor: Camarotti, Gerson e Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 03/04/2007, Economia, p. 17

Kirchner cria órgão ligado ao Planejamento e já prepara transferência da administração dos vôos

BUENOS AIRES. A Argentina tenta resolver sua crise no transporte aéreo desmilitarizando o setor. Depois de enfrentar uma onda de caos, com atrasos nos vôos, falhas no controle aéreo e horas de espera nos aeroportos, o presidente Néstor Kirchner passou o controle aéreo a um órgão civil ligado à Secretaria de Transporte do Ministério do Planejamento.

No dia 15 do mês passado, Kirchner assinou um decreto que criou a Administração Nacional de Aviação Civil (Anac), a autoridade aeronáutica que exercerá as funções estabelecidas no Código Aeronáutico. Enquanto a Anac não entra em funcionamento na prática, uma Unidade Executora de Transferência está sendo responsável pela criação de um programa de transferência ao novo organismo.

- A estrutura aérea argentina está quebrada - disse o presidente no mês passado.

O caos nos aeroportos argentinos começou quando um raio caiu em 1º de março sobre um radar e os vôos começaram a atrasar no Aeroporto Internacional de Ezeiza - o principal do país, na Grande Buenos Aires - e o Aeroparque Jorge Newbey - na capital.

O episódio se agravou depois que se espalhou a comunicação de um piloto com a torre de comando, dizendo que seu avião passou tão perto de outro que ele chegou a ver a roupa do piloto da outra aeronave. A história deixou evidente o perigo aéreo com as falhas de controle.

O presidente Kirchner mandou comprar 15 radares novos e alugar outros dois para que a situação fosse normalizada. Mas, a expectativa é que, com a Semana Santa, os terminais argentinos voltem a viver dias de colapso.