Título: Desinteresse é maior causa de evasão escolar
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 04/04/2007, O País, p. 13

FGV: entre os jovens de 15 a 17 anos que abandonaram os estudos, 45,1% dizem que culpa é dos colégios.

O desinteresse dos estudantes pela escola é o principal responsável pela evasão escolar na faixa etária entre 15 e 17 anos. Alvos da nova fase do Bolsa Família, os jovens não consideram as escolas atraentes, segundo a pesquisa "Equidade, eficiência e educação: motivações e metas", divulgada ontem pela Fundação Getúlio Vargas. Entre os que estão fora da escola, 45,1% afirmam que deixaram as salas de aula porque não quiseram mais estudar.

Nessa mesma faixa etária, 23% abandonaram os estudos para, de alguma forma, gerar renda para a família. E 10,9% por dificuldade de acesso aos colégios. Há 10,7 milhões de adolescentes entre 15 e 17 anos no Brasil. Desse total, 18% estão fora da escola.

- O número de jovens que não fazem nada tem crescido. O jovem quer internet. E deixam uma mensagem bem clara: "essa escola que está aí não me interessa" - disse o economista Marcelo Néri, coordenador do estudo, que defende a inclusão digital como principal instrumento para atrair o aluno.

São Paulo fica em 20º lugar no quesito presença nas aulas

O estudo, feito com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2005 (Pnad), cria ainda um novo índice: o de permanência no ambiente escolar, calculado com base no número médio de horas passadas nos colégios, na freqüência e no índice de matrícula. O novo cálculo mostra que o Rio de Janeiro - campeão no quesito índice de matrícula (88%, entre 15 e 17 anos) - cai para terceiro lugar quando entram na conta os outros fatores. O estado está em sexto lugar no número de horas médias de jornada por aluno (4,22) e também em sexto no percentual de aulas assistidas pelos que freqüentam a escola (96%).

O desempenho de São Paulo é o pior entre os estados da região Sudeste, no quesito índice de presença, na faixa de alunos entre 15 e 17 anos: é o 20º colocado (95,3% das aulas assistidas, 4,7% não assistidas) . O Maranhão é o último colocado. A situação melhora para o estado quando o indicador é associado ao índice de matrícula e à jornada média. Com isso, São Paulo fica em segundo lugar no índice de permanência, com 72%. A média nacional é de 61%.

Distrito Federal se destaca em todos os indicadores

O Distrito Federal é a unidade da federação mais bem posicionada em praticamente todos os rankings. Ainda entre os jovens de 15 a 17 anos, tem média de 4,8 horas de aula assistidas pelos alunos (a média nacional é de 3,9 horas) e um índice de permanência de 81% (a média nacional é de 61%). O estudo também calculou o índice entre os estudantes de 0 a 17 anos. O DF segue como líder, com 68,5%. O último colocado é o Acre, com 39%.

Também com base nos dados do IBGE de 2005, a pesquisa mostra que os salários dos universitários são 540% superiores aos dos analfabetos, e a chance de ocupação e 308% maior. O salário-médio de um aposentado, que é de pouco mais de R$320, pula para R$3.041,10 quando o empregado tem pós-graduação.

A pesquisa aponta até a influência da educação nas condições de saúde da população. De acordo com Marcelo Néri, 95% das melhoras identificadas na Saúde, observadas diante da comparação entre um analfabeto e um universitário, se dão pelo efeito direto da educação, e não pelo aumento da renda. Isso porque a instrução aumenta o grau de informação sobre a saúde.